O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (5) que pretende acabar com o horário de verão no país.Segundo ele, o fim da antecipação em uma hora do relógio está quase certa pelos estudos obtidos pelo Ministério de Minas e Energia.
Em março, o deputado federal João Campos (PRB-GO) defendeu ao presidente que o horário de verão seja extinto em Goiás. “Não teremos horário de verão. Quase certo, pelo estudo que tenho”, disse. “O João Campos fez um arrazoado para não ter horário de verão”, disse Bolsonaro em um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. A Folha estava entre os convidados.
Participaram do encontro com o presidente: Sérgio Dávila (Folha de S.Paulo), João Caminoto (O Estado de S. Paulo), Alan Gripp e Paulo Celso Pereira (O Globo), Vera Brandimarte (Valor Econômico), Aruana Brianezi (A Crítica), Linda Bezerra (Correio da Bahia), Carlos Marcelo Carvalho (Estado de Minas), Leusa Santos (Folha de Pernambuco), Leonardo Mendes Júnior (Gazeta do Povo), Gerson Camarotti e Natuza Nery (Globonews), Luciana Gimenez (Rede TV), Eduardo Ribeiro (TV Record) e Carlos Etchichury (Zero Hora).
O horário de verão foi adotado pela primeira vez no país no fim de 1931, com a finalidade de economizar energia elétrica nos meses mais quentes do ano. Foi aplicado sem interrupção nos últimos últimos 35 anos.
Pesquisas mostram, no entanto, que a eficiência na economia de energia vem caindo ano após ano. Um estudo divulgado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), considerou nula a economia de energia durante o horário de verão 2017/2018.
De acordo com o relatório, a redução apresentada em análises durante o horário de verão também foram verificadas em outros períodos, antes mesmo dos ajustes no relógio.
Segundo alguns especialistas, a queda dos índices de economia de energia acontecem pela mudança de comportamento do brasileiro. As pessoas atualmente têm jornadas de trabalhos diferentes, saem de casa mais tarde e utilizam mais o ar condicionado durante o dia, quando as temperaturas estão elevadas.
No verão 2016/2017, a economia decorrente da redução do uso de usinas foi de R$ 159,5 milhões. No mesmo período do ano anterior (2015/2016), foram economizados R$ 162 milhões.
O ex-presidente Michel Temer (MDB) chegou a sinalizar intenção de descontinuar o horário de verão, mas, em meio à tensão de um momento em que tentava barrar denúncias contra ele por obstrução judicial e organização criminosa, foi orientado a desistir da mudança.
Assim como no Brasil, o fim de alterações do horário durante o verão também está na pauta de discussão em outros países. Exemplo disso foi a aprovação pelo Parlamento Europeu da decisão de não realizar o horário de verão a partir de 2021.
A votação da medida contou com a aprovação de 410 parlamentares, ante 192 que votaram pela permanência. Cada um dos 27 países membros precisa agora aprovar a medida internamente para que ela possa vigorar.
Uma lei europeia determina, desde 2001, que todos os países do bloco adiantem seus relógios em uma hora no último domingo de março. O horário volta ao anterior, com o atraso de uma hora, no último fim de semana de outubro. No Brasil, desde 2008 o início e fim do horário de verão são definidos anualmente por um decreto presidencial.
A alteração também tem sido questionada nos Estados Unidos. Diversas iniciativas no Congresso e em Câmaras estaduais querem o fim do atual sistema, iniciado há um século e que ainda causa polêmica. Entre as discussões entre os americanos há sugestões que incluem a manutenção do horário de verão durante todo o ano.
Folhapress