Atualizada às 14h58
Em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (14) a força-tarefa da Operação “Poço Sem Fundo” afirmou que as empresas suspeitas de fraudes possuem contratos vigentes em mais seis municípios do Piauí.
Os nomes das cidades não foram divulgados porque serão investigadas em desdobramento da operação, segundo o promotor de Canto Buriti, José William Luz. A Poço Sem Fundo, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado (Gaeco), constatou fraudes em licitações de manutenção de poços da zona Rural da cidade de Brejo do Piauí, distante 423 quilômetros de Teresina.
O esquema consistia no desvio de recursos da prefeitura em licitações forjadas para contratação de serviços de manutenção de poços que abastecem as zonas rurais.
Além ex-prefeita de Brejo, Márcia Aparecida da Cruz, seu irmão, Emídio Pereira da Cruz, os empresários Adcarliton Valente, Valdirene da Silva, Rosane Pinheiro e o pregoeiro do município que dava aparência de legalidade na licitação, Carlos Alberto Figueiredo foram presos. O vereador de Brejo e empresário Fabiano Feitosa Lima está foragido, mas garante que irá se entregar nas próximas horas. Ao todo 11 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.
O promotor Romulo Cordão, coordenador do Grupo de Atuação Especial ao Crime Organizado do Ministério Público Estado, afirma que as empresas V.S.P Construtora, de Adcarliton e Valdirene Valente Varreto, e a FM Construtora, do vereador Fabiano Feitosa, junto com a então prefeita de Brejo, faziam contratos fictícios e desviavam recursos da manutenção poços. Foram desviados R$ 519 mil entre os anos de 2015 e 2016.
A empresa V.S.P “vencia” as licitações, mesmo sem capacidade técnica para realizar as obras. A V.S.P “subcontratava” a FM, empresa do vereador Fabiano. Ainda assim as obras não eram feitas pelas empresas e, sim, por populares.
“Ontem, em busca e apreensão, encontramos um papel na casa da ex-prefeita com o nome dos populares que faziam a manutenção dos poços. Estavam escritos os valores pagos a eles que variavam de R$ 50 a R$ 150, sendo que o valor da licitação era de quase R$ 600 mil”, disse Rômulo Cordão. O irmão da ex-prefeita, Emídio Pereira, era o responsável pelos pagamentos aos populares.
O delegado Marcelo Leal, gerente de Polícia do Interior, também participou da entrevista coletiva e conta que as empresas recebiam o dinheiro, mas o serviço não era prestado. Ele destaca que a atuação do vereador se deu de “forma alheia à Câmara”. “Ele agia como empresário. A empresa V.S.P, de forma informal, passava os serviços para empresa FM, do vereador e o serviço não era prestado”, afirma o delegado. Fabiano tem uma condenação na Justiça Federal por fraude em licitação.
Água
Os promotores José William e Romulo Cordão ressaltam que os recursos estavam sendo desviados de uma região do semiárido, onde as pessoas precisam de água. “Eu estive na região e vi gente carregando lata d’água na cabeça”, destaca o promotor José William.
Romulo Cordão afirma que os municípios brasileiros há tempos estão sofrendo ataques de organizações criminosas de núcleos políticos e empresariais.
“Os municípios estão sendo atacados por verdadeiras organizações criminosas e sustentam a máquina corrupta que vem tomando conta dos municípios”, analisou o coordenador do Gaeco.
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