Ver a Luísa brincando é uma alegria para toda a família. Quando estava grávida, a mãe descobriu que ela tinha um problema no coração, que afeta três a cada dez mil nascidos. A Tetralogia de Fallot é uma doença rara, que pode ser detectada na gravidez ou logo que o bebê nasce. Quando diagnosticada, a cirurgia é necessária.
“Descobrimos aos quatro meses de gestação, quando fomos fazer um exame para detectar o sexo. A gente descobriu que tinha alguma anormalidade. Fomos encaminhados para fazer um eco e daí foi detectada a Tetralogia de Fallot. Nosso mundo desabou”, conta a bancária Carla Priscila Ramos Ravazi.
“A Tetralogia de Fallot é uma doença onde a gente tem dificuldade da saída do sangue de dentro do coração para as artérias do pulmão. O coração tem dois lados, o lado direito leva o sangue para o pulmão e o esquerdo leva o sangue para o corpo. Na Tetralogia de Fallot o caminho desse sangue é dificultado, porque ele é muito estreito do lado direito do coração”, explica a cardiologista pediátrica Graici Vanleeuwen Bichara.
A oxigenação do sangue diminui. “Vai ver um bebê com os lábios e mãozinhas roxas. Essa mudança de cor mostra que a oxigenação para o corpo não está sendo feita de forma adequada”. Isso sobrecarrega todos os órgãos ao longo da vida e, além disso, o estreitamento sobrecarrega o coração.
“Ela não ganhava peso, muito cansaço para mamar. Ela suava muito, não estava desenvolvendo. Com três meses ela estava com o coração do tamanho de uma criança de quatro anos”, diz a mãe.
Aos quatro meses, a Luísa passou por uma cirurgia e agora vai precisar de acompanhamento médico. A doença não se resolve sozinha, sempre precisa de um tratamento cirúrgico. A cardiologista explica que a cirurgia deve ser feita entre os três e seis meses de vida, se o caso não for muito grave.
A anatomia muda de bebê para bebê. Em alguns casos, o crescimento da válvula não acompanha o crescimento do coração. Por isso, ao longo da vida, o paciente precisa fazer outras cirurgias. Esse é o caso do Higor Miranda, estudante de 19 anos. Ele fez a primeira cirurgia com oito meses, a segunda com nove anos e a terceira com doze anos. “Tomo remédios controlados e faço exames de seis em seis meses”.
G1