Médicos plantonistas da Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, ameaçam deixar o atendimento devido ao atraso no pagamento, de acordo com o Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI). Esse é um dos motivos para a interdição parcial da unidade, que teve início nesta quarta-feira (21) e implica na interrupção do atendimento de casos de baixa e média complexidade.

“Uma das nossas reivindicações é a falta de médicos. Quando decidimos fazer essa interdição parcial foi justamente para desafogar mais a maternidade, para que ela tenha condições de com a verba dela garantir o atendimento”, informou a presidente do CRM-PI, Mírian Parente.

A médica disse ao G1 que, atualmente, a escala de médicos obstetras e neonatologistas está reduzida. “Principalmente de contratados e não só de médicos. A escala de profissionais da equipe de enfermagem também é reduzida”, afirmou Mírian Parente.

Conforme o CRM-PI, o atraso no pagamento dos médicos terceirizados chega a cinco meses e a situação fez com que alguns dos profissionais sinalizassem que não pretendem continuar no quadro da maternidade, o que prejudicaria a escala de atendimento. A Evangelina Rosa funciona com seis médicos por plantão de 12 horas.

O médico obstetra Arimatéa Marques, que atende na maternidade, acredita que a interdição não será suficiente para melhorar o atendimento. “Seria necessário que as maternidades municipais funcionassem bem para atender pacientes de baixa complexidade. Isso não acontece e eles mandam para nós”, disse.

Falta de medicamentos

Segundo o CRM, atualmente, 50% da demanda na maternidade Evangelina Rosa é de pacientes de baixo e médio risco, quando a especialidade dela é em alto risco. Essa procura resulta na utilização de suprimentos e equipamentos que não têm sido suficientes, ocasionando situações como falta de medicamentos durante o atendimento.

Anestésico e sulfato de magnésio são dois dos medicamentos listados pelo CRM que costumam ficar em falta. O obstetra Arimatéa Marques afirma que, às vezes, é necessário esperar que esses medicamentos sejam emprestados por outros hospitais para poder realizar o atendimento às pacientes.

“Para uma gestante isso pode custar à vida do bebê. A demora no atendimento pode causar a perda do bebê. Você indica uma cesariana de urgência e aguardar duas horas por um medicamento já é suficiente para aumentar a mortalidade neonatal”, pontuou Arimatéa Marques.

G1 Piauí