A Caixa Econômica Federal resolveu seu problema de capital e tem propostas prontas de redução de custos para apresentar ao novo governo, afirmou nessa quarta-feira (14) Nelson Antônio de Souza, presidente do banco estatal, ao divulgar o balanço do terceiro trimestre.
“A redução dos custos dialoga com o novo governo, e a Caixa tem sim muitas propostas prontas para apresentar. Vamos apresentar tudo isso.”
O banco registrou um lucro líquido recorrente (livre de efeitos extraordinários) em nove meses recorde de R$ 11,5 bilhões. A meta orçamentária era fechar 2018 com lucro de R$ 9 bilhões.
Nos últimos dois anos, a Caixa passou por graves problemas de escassez de recursos que ameaçaram o alinhamento do banco a regras internacionais de instituições financeiras sólidas.
Chegaram a ser cogitadas ajudas externas, como repasse do Tesouro Nacional ou do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), mas a cúpula da instituição bancou um plano de contingência com corte de despesas e reestruturação do crédito.
Em nove meses, despesas com pessoal caíram 7%, ante igual período de 2017, enquanto as receitas subiram 8,7%. A carteira de crédito para habitação avançou 2,7% no terceiro trimestre, mas o segmento comercial, mais arriscado, retraiu 17%.
Assim, o saldo da carteira ampla fechou setembro em baixa de 2,6%.
Com isso, despesas com provisão para crédito duvidoso caíram 27% em nove meses, na comparação anual.
A Caixa tem até o próximo ano para se adequar às determinações de Basileia 3, um sistema de regras financeiras internacionais criado para garantir solidez a bancos.
O índice de Basileia da Caixa, que mede quanto um banco é capaz de emprestar sem comprometer seu capital, atingiu 19,8% no terceiro trimestre, crescimento de 4,6 pontos percentuais em 12 meses.
O mínimo exigido para 2019 é de 11,5%.
O que preocupava mais, porém, era o indicador de capital de nível 1, que até setembro do ano passado estava em 9,5%, no limite do mínimo exigido, mas agora foi para 13,3%.
Souza disse já ter comunicado o Banco Central e o Ministério da Fazenda de que o banco não precisará de aportes, operações subordinadas ou devolução de dividendos.
“Havia dúvidas se chegaríamos a 2019 com o nível mínimo. Mas conseguimos de maneira orgânica, sem recorrer à captação de outras fontes. O Tesouro tem prioridades para seus recursos que não a capitalização de bancos públicos. Eles têm de viver com suas próprias pernas”, disse Arno Meyer, vice-presidente de finanças e controladoria da Caixa.
Ele afirma que, como a carteira de crédito caiu dentro da estratégia para fazer frente à restrição de capital, mas ela não existe mais, a expectativa é que o crédito volte a crescer, com sinais positivos já no quarto trimestre deste ano. A retomada deve ser impulsionada pelo segmento de pequenas e médias empresas.
Ao ser questionado se havia sido convidado pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para continuar no cargo, Souza se limitou a dizer que é um técnico.
“Eu sou um técnico. Logicamente, continuo fazendo o trabalho. Já peguei várias mudanças de governo, realmente não estamos com o radar nesse item. Queremos fechar 2018 dentro da linha em que estamos trabalhando”, afirmou.
Fonte: Com informações da Folhapress.