Tudo começou há dois anos, quando uma mulher procurou um estúdio de tatuagem para saber se o profissional fazia um trabalho de reconstrução de auréola, que ela havia perdido durante uma cirurgia de câncer de mama. O desafio foi aceito e o resultado ficou melhor do que o esperado. A ideia deu tão certo que se transformou em um projeto e, de lá para cá, 19 mulheres já passaram pelo processo de reconstrução, de forma totalmente gratuita.

Thiago Saraiva, tatuador profissional há quatro anos, conta que, depois de concluir a tatuagem, se recusou a receber pelo serviço e explica porque. “Eu vi tanta felicidade nela com o resultado, chorando, muito feliz, e eu não tive como cobrar. E foi a partir daí que me deu um ‘start’ e decidi que ia permanecer fazendo esse trabalho”, conta.

Um ato simples, que causa resultados incalculáveis, principalmente para a autoestima da mulher, mas que ainda esbarra no machismo e preconceito vindos principalmente de quem deveria apoiar e dar força: dos maridos. Thiago Saraiva conta que algumas mulheres iniciam o processo, mas não chegam a concluir.

“Já tive casos de mulheres que desistiram de fazer a reconstrução da auréola porque o esposo não permitiu, porque não queria que a mulher ficasse nua na frente de outro homem. Isso é muito triste. Eu fico mais preocupado com a participação do homem, que acabam dificultando o processo. É importante que ele participe”, pontua, destacando o apoio e incentivo de familiares e amigos como forma de encorajar essas mulheres a continuarem com o processo.

Projeto é gratuito

O trabalho realizado por Thiago Saraiva, de reconstrução da auréola e cobertura de cicatrizes da mama, é totalmente gratuito e destinado a qualquer mulher que passou por esse tipo de procedimento. A divulgação é feita pelas redes sociais e é aconselhado para mulheres com mais de dois anos de cirurgia.

Thiago Saraiva já atendeu mulheres de Teresina, do Sul do Estado e até do Maranhão, e garante que o projeto continuará por tempo indeterminado. Para agendar uma avaliação ou conhecer mais do projeto, as mulheres podem encontrar em contato através dos telefones (86) 995221866 / 99439-2727.

“Um trabalho como esse eu faço após dois anos de cirurgia, para que tenha uma margem de segurança. É um trabalho gratuito e vitalício, ou seja, enquanto eu for tatuador, vou continuar com esse projeto porque é uma forma de eu ajudar e dar um retorno para a sociedade. Algumas mulheres vieram trazidas pelas filhas, outras vieram com amigas e isso é muito bom, porque elas recebem um apoio e se sentem acolhidas. É a questão da sororidade”, finaliza.

O Dia