Um problema que a comunidade da Universidade Estadual do Piauí recorrentemente denuncia é a falta de professores efetivos para os cursos da instituição. Muitos cursos tem quantidade insuficiente de docentes, que dificultam a oferta de disciplinas. Um concurso com 197 vagas para professores efetivos está em andamento, mas o número de professores aprovados foi inferior a este índice.
Estudantes reclamam que, além de disciplinas, outras atividades são prejudicadas. O estudante de Ciências Sociais Marcos Rangel disse que o curso, por ser recente, tem poucos professores efetivos. “O curso é recente está precisando de professores efetivos para desenvolver pesquisa, extensão e principalmente para desenvolver as atividades disciplinares”, disse o estudante.
O estudante de Turismo Fábio Teixeira reclamou que, pela falta de professores, docentes de outros cursos dão aulas em horários que não são da turma, o que prejudica a muitos alunos.
“A gente só pode pagar duas disciplinas por período especial. Ou seja, a gente só pode pagar disciplina no curso de economia pela manhã. Não é o turno que a gente passou no vestibular e isso acarreta outras pessoas não poderem vir pelo turno da manhã”, explicou.
Estudantes de São Raimundo Nonato também reclamam que não têm professores. Em um vídeo, alunos denunciam que em alguns semestres menos da metade de disciplinas têm professores. “Era para a gente estar com oito professores, estamos somente com três e no semestre que vem a gente vai ficar com apenas duas disciplinas, então a situação no campus está muito precária”, relatou uma estudante.
No campus da Uespi de Floriano são 32 professores efetivos. Desses, cinco estão de licença e o número de celetistas é 48. O estudante Edson dos Reis reclamou que, desde que entrou no curso não tem férias, em virtude do uso do período que seria para descanso para recompensar as disciplinas sem professores.
“Em períodos de férias, desde que entrei no curso, não tem períodos exatos. Porque a gente tem que passar pelo menos um mês, 15 dias para pagar disciplinas que não foram ofertadas pela falta de professor também”, reclamou.
O estudante Marcos Vinícius também reclamou do sacrifício das férias para assistir aulas de disciplinas, que não são ofertadas no período normal pela falta de professores. “A situação do curso de direito é bastante delicada em relação à falta de professor. Nós sofremos muito por termos que sacrificar nossas férias para vir pra cá para a universidade pagar disciplinas, que durante o período curricular normal estão em ausência de professor”, disse.
A diretora do campus de Floriano da Uespi, Clariete Bento, disse que o problema existe, mas que professores provisórios são uma alternativa. “A falta de professor é sempre um problema, mas a gente tem conseguido adequar essa situação com esses concursos provisórios que nós temos aqui no campus”, disse.
A diretora do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Uespi, Marie Alves, questionou a qualidade da formação com a falta de professores na instituição. “Que tipo de profissional uma universidade sem professor vai formar? Quando se tampam esses buracos geralmente são professores de outros cursos que acabam não tendo tanto êxito na disciplina, porque não se sentem a vontade em trabalharem em uma área que não é a sua”, comentou.
Concurso tem menos candidatos aprovados do que vagas
A quantidade de candidatos que conseguiram ser aprovados em todas as etapas no concurso para professor efetivo da Uespi é inferior as 197 vagas disponibilizadas.
De acordo com as informações apuradas para o curso de geografia foram abertas 10 vagas, mas só dois candidatos foram aprovados. Para matemática, que tem 14 vagas abertas, só 7 passaram em todas as etapas. Pedagogia, que são 26 vagas, teve 19 candidatos aprovados. A Universidade Estadual do Piauí conta hoje com 275 disciplinas sem professores.
A assessoria informou que só vai se posicionar sobre o assunto quando divulgar o resultado oficialmente. A Associação dos professores também não quis se manifestar.
G1 PI