A malária é uma doença infecciosa aguda e transmissível, que eventualmente evolui com características de doença crônica, causada por protozoários do gênero Plasmodium, compreendendo quatro espécies: Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malarie e P. ovale. No Brasil, são conhecidas, como de ocorrência mais comum, apenas as duas primeiras espécies, sendo ocasionalmente registrados casos de P. malariae. Existe uma previsão de um crescimento absurdo de casos em todo o Brasil e o Ministério da Saúde está, inclusive, com uma campanha de alerta.
O Piauí, embora classificado como área de vigilância, apresenta um forte potencial de transmissão. O coordenador do Programa de Controle da Malária do Estado, Mauro Fernando, esclarece que devido à condição socioeconômica do Estado, muitos dos aqui residentes migram para Estados da região amazônica e para países dessa e de outras regiões, retornando posteriormente acometidos de malária, acentuando consideravelmente a possibilidade de infecção dos vetores aqui existentes. Nos últimos 10 anos, o Piauí notificou 145 casos da doença.
“Isso é demonstrado pela ocorrência de surtos da doença, ao longo dos anos, em vários municípios do Estado. A presença e ampla distribuição geográfica de vetores implicados na transmissão da malária no Estado do Piauí, principalmente do A. darlingi, acentuam o risco da introdução da doença em nosso território”, explica o sanitarista/entomologista da Secretaria de Estado de Saúde do Piauí (Sesapi).
A transmissão dos parasitas se dá através da picada da fêmea de mosquitos do gênero Anopheles, sendo o período de incubação variável de acordo com a espécie infectante, indo de cinco a quatorze dias nos casos de Plasmodium falciparum e P. vivax e chegando até trinta dias, em casos de P. malariae. Após o período de incubação, aparecem os sintomas mais frequentes: cefaleia, artralgia, mialgia, seguidos de calafrios, com febre e sudorese abundante. O quadro clínico é semelhante a todas as espécies de Plasmodium, daí a necessidade de realização do exame de sangue para diferenciar a espécie parasitária.
Mauro Fernando afirma que a Sesapi, em razão do aumento do número de casos registrados na Amazônia, vem intensificando as ações de monitoramento, junto aos municípios. “O objetivo é detectar variações significativas no padrão epidemiológico de casos de malária; abastecendo os laboratórios do Estado e municípios com testes rápidos para diagnóstico da malária, e mantendo em prontidões suas equipes técnicas para auxiliar os gestores municipais sempre que houver necessidade”, acrescentou.
Os pacientes, geralmente, são tratados nos seus respectivos municípios, acompanhados pelas equipes médicas dos mesmos, porém quando requerem maior cuidado, são encaminhados para o Centro de Referência em tratamento de malária, o Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, em Teresina.
Vetor tem maior atividade à noite
A recomendação de especialistas é que a população (principalmente na região amazônica) deve evitar áreas próximas a rios, lagos, riachos ou matas, no cair da noite e ao amanhecer, horário de maior atividade do vetor.
“No caso do nosso Piauí, o que caracteriza um risco considerável para o restabelecimento da doença e dispersão da mesma é a ampla distribuição vetorial, principalmente a do A. darlingi, associada à forte pressão exercida por pessoas procedentes da região amazônica, que, quando aqui chegam, não procuram fazer o exame para malária, e geralmente doentes, mas assintomáticos, servem de reservatórios para os anofelinos, dando início ao ciclo de transmissão do agravo”, frisa Mauro Fernando.
Os sintomas são febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça, que podem ocorrer de forma cíclica. Muitas pessoas, antes de apresentarem estas manifestações mais características, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite. O diagnóstico é realizado por exame de sangue e/ou testes rápidos para malária, em laboratórios da rede estadual (IDTNP, e Regionais de Saúde), e de alguns municípios. (W.B.)
Malária tem cura
A malária tem cura. O tratamento é realizado por meio de medicamentos antimaláricos específicos, distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Toda pessoa pode contrair a malária. Indivíduos que tiveram vários episódios de malária podem atingir um estado de imunidade parcial, apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma no caso de uma nova infecção”, reforça Mauro Fernando.
Para promover a prevenção da doença, o técnico responsável destaca que a Sesapi tem investido na realização de estudos entomológicos para monitoramento de densidade, distribuição geográfica e variação de espécies de Anopheles, em municípios com maior vulnerabilidade e receptividade de reintrodução da doença, assim como acompanhamento da situação epidemiológica dos municípios, por meio do SINAN (Sistema Nacional de Agravos de Notificação), objetivando identificar casos da doença e a devida adoção de medidas profiláticas ou de controle.
“Nosso objetivo com esse trabalho é fornecer insumos para o exame, tratamento de doentes e para controle vetorial, assim como prestar assessoria técnica aos municípios, quando solicitado”, pontua. (W.B.)
Fonte: Meio Norte