O Ministério Público está cobrando da Polícia Civil e do Departamento de Polícia Científica esclarecimentos sobre as investigações acerca do envenenamento de duas crianças em Parnaíba ocorrido em agosto do ano passado. O titular da 5ª Promotoria de Justiça de Parnaíba, promotor Silas Sereno, quer saber se a demora na perícia dos cajus teria prejudicado a investigação. Ele protocolou o pedido de esclarecimento junto ao setor técnico científico da Polícia Civil.O que o Ministério Público pede é que a Polícia Civil forneça informações sobre alguns aspectos do laudo que ainda não teriam ficado claros e que impossibilitam que as autoridades competentes deem algum encaminhamento ao processo. A suspeita inicial era de que os cajus doados por Lucélia Maria da Conceição aos meninos João Miguel e Ulisses Gabriel estariam envenenados com chumbinho, substância que foi encontrada no estômago deles.
Arquivo pessoal
Envenenamento em Parnaíba: Ministério Público quer saber se demora na perícia de cajus prejudicou a investigação
Mas os cajus só foram periciados na semana passada, mais de cinco meses depois do ocorrido e da prisão de Lucélia. A perícia constatou que as frutas não tinham veneno. A reviravolta no caso pôs em questionamento a investigação da polícia que embasou a prisão da suspeita. Em nota, o Departamento de Polícia Científica alegou que o laboratório toxicológico do Piauí foi inaugurado só em setembro e que houve demora na chegada a Teresina dos reagentes usados para periciar os cajus.
O promotor Silas Sereno quer saber se isso teria contribuído para que a perícia não encontrasse mais veneno nos cajus. “As crianças podem ter comido os cajus envenenados, mas o logo tempo pode ter contribuído para que não fosse encontrado veneno nas frutas e, por isso, foi solicitado esclarecimento. A perícia por si só não é um elemento que inocente a Lucélia. O Ministério Público não tem interesse em condenar um inocente, mas busca a verdade dos fatos”, explica o promotor.
Reprodução/MPPI
Promotor de Justiça, Silas Sereno
Além disso, o Ministério Público quer saber também como os cajus foram armazenados e se esse armazenamento teria de alguma forma contribuído para o resultado da perícia, já que se trata de alimentos altamente perecíveis. O MP questionou ainda quem de fato coletou estes cajus e como essa coleta foi feita.
O promotor Silas Sereno acrescenta que, a partir dos esclarecimentos prestados pela polícia, o Ministério Público poderá reavaliar o caso.
Lucélia Maria da Conceição passará por audiência de instrução no próximo dia 23. Na ocasião, o juiz analisará as provas coletadas, ouvirá testemunhas e avaliará se o caso prosseguirá para julgamento ou não.
A Polícia Civil ainda não se manifestou sobre os requerimentos protocolados pelo Ministério Público. O espaço segue aberto para futuros esclarecimentos.
portal o dia