O  transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) afeta cerca de dois milhões de brasileiros. Embora o diagnóstico seja comumente associado à infância ou adolescência, cresce o número de adultos descobrindo o transtorno tardiamente.

Características como distração extrema e impulsividade podem, muitas vezes, ser interpretadas erroneamente como traços de personalidade ou comportamento inadequado.

A história de Sibelle Lira, diagnosticada aos 44 anos, ilustra essa realidade. Dona de casa, ela conta que a distração faz parte de seu dia a dia. “Eu coloco o arroz ali e ele queima, porque parei de prestar atenção para fazer outra coisa. Às vezes estou estendendo roupa, tem barulho em algum lugar, aí eu vou ver e esqueço a roupa lá”, acrescenta.

Monica Sousa, filha do cartunista Maurício de Sousa, é uma das figuras públicas que ajudam a trazer visibilidade ao tema. Recentemente, ela relatou o diagnóstico de TDAH em uma autobiografia. A publicação incentivou o debate sobre a importância do diagnóstico em adultos e suas implicações.

Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam que, em 2023, foram registrados quase 1 milhão de atendimentos ambulatoriais relacionados ao TDAH. Entre janeiro e outubro de 2024, o número já alcança 771.116.

Apesar da possibilidade de tratamento eficaz, apenas 20% dos casos recebem o acompanhamento médico e psicológico adequado. A neuropsicóloga Alessandra Petraglia ressalta os impactos do diagnóstico tardio: “O sentimento de inadequação, baixa autoestima e dificuldades em concluir tarefas levam ao desenvolvimento de transtornos como depressão e ansiedade.”

Para quem sofre de TDAH, tarefas simples como ler um livro podem se tornar desafios. O diagnóstico correto, mesmo em adultos, pode proporcionar um novo começo, destacando a importância do suporte profissional e do acesso ao tratamento.

Fonte: Cidade Verde/SBT News