As novas doses da vacina contra mpox em negociação pelo Ministério da Saúde devem chegar neste mês de novembro ao Brasil. A informação foi apurada pelo g1.

Devido ao baixo quantitativo disponível, os imunizantes serão utilizados para compor o estoque estratégico da pasta e serão distribuídos em situações de surto de casos de mpox, por meio de ações de vacinação pontuais.

Na próxima semana, a Organização Mundial da Saúde convocará uma reunião de seu Comitê de Emergência para determinar se a doença continua sendo uma emergência sanitária global.

Em uma entrevista exclusiva ao g1 em agosto, a secretária de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse que as negociações para a aquisição da vacina da Bavarian Nordic – a mesma enviada aos estados em 2023 – já estavam em andamento antes mesmo do decreto de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS), que definiu o mais alto nível de alerta para a mpox na última semana.

A compra da vacina foi operacionalizada por meio do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um mecanismo de cooperação técnica destinado a facilitar o acesso dos países das Américas a medicamentos, seringas, equipamentos e outros insumos.

Ao todo, 25 mil doses devem chegar ao país. Ainda segundo informou a secretária, após a chegada das doses, será realizada uma reunião do Comitê Técnico Assessor de Imunizações (CTAI) do ministério, seguindo a orientação da ministra da Saúde, para avaliar se a estratégia de vacinação precisa ser ajustada com base na situação global.

O Brasil, que tem um risco baixo para o atual surto, começou a campanha de imunização em março de 2023, inicialmente focada em:

  • pessoas que vivem com HIV/aids (PVHA), profissionais de laboratórios que atuam em locais de exposição ao vírus, além de pessoas que tiveram contato direto com fluidos e secreções corporais de pessoas suspeitas.

Em junho do mesmo ano, uma nota técnica da pasta ampliou o programa para usuários da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), permitindo que, em casos de vacinas disponíveis na rede estadual ou municipal sem uso para PVHA, elas fossem aplicadas em pacientes que usam a PrEP.

“A partir da discussão dentro da nossa câmara técnica a gente vai ver se a estratégia tem que ser repensada, também avaliando o que tá acontecendo em outras partes do mundo”, pontuou a secretária em agosto.

Contudo, para Rico Vasconcelos, médico infectologista do Hospital das Clínicas da USP e do Núcleo de Medicina Afetiva (NuMA), embora a adição dessas doses seja positiva, o número ainda é considerado insuficiente considerando o surto contínuo da doença desde 2022 e o número de pessoas que precisariam ser vacinadas.

“No Brasil, com cerca de 1 milhão de pessoas vivendo com HIV e 100 mil em uso de PrEP, 25 mil doses cobrem apenas uma pequena parte das necessidades”, avalia.

A vacinação contra a Mpox no Brasil começou em 2023, com uma licença especial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para vacinar os grupos vulneráveis e pessoas que tiveram contato com casos confirmados.

Ainda segundo a pasta, todo o estoque adquirido em 2023 foi distribuído aos estados, o equivalente a 49 mil doses, num esquema de vacinação que tem indicação de duas doses para cada pessoa com intervalo de quatro semanas entre elas.

Apesar disso, somente 29.165 foram aplicadas até o final de junho, segundo dados do ministério que o g1 teve acesso.

G1