A Polícia Federal investiga a participação de cerca de três estudantes de medicina do Piauí na fraude envolvendo aprovação em vestibulares.
Segundo a PF, 63 pessoas estão envolvidas em vários crimes, sendo 33 colaborando para realização de provas fraudulentas e também oferecendo suporte externo para resolução de questões em avaliações online. E 30 como candidatos que pagaram para serem aprovados. No Piauí, uma candidata já foi identificada e sua residência, no litoral do estado, foi alvo de busca e apreensão.
O delegado Regional Executivo da PF do Piauí, Ezequias Martins, informou ao Cidadeverde.com que o estudante de Marabá, André Rodrigues Ataíde, de 23 anos, estruturou uma rede para fraudar os vestibulares. Os candidatos contrataram os serviços de André em quatro estados: Piauí, Pará, São Paulo e Tocantins.
“Em média, ele cobrava R$ 2 mil por cada prova, ele variava um pouco o valor. Pessoas sem muita condição ele baixava um pouco, às vezes ele fazia prova e levava um calote”, disse o delegado, que iniciou a investigação quando era delegado em Marabá.
Na última quarta-feira (16), a PF cumpriu 27 mandados na 4ª fase da Operação Passe Livre. No Piauí, a busca e apreensão foi em Parnaíba, no litoral do estado, na residência do estudante. A operação foi comandada pela Polícia Federal do Pará.
No início do ano, o estudante André Ataíde foi preso suspeito de ter feito a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos anos de 2022 e 2023 em nome de outras pessoas.
Após a investigação do Enem, André Ataíde cancelou a matrícula na Universidade do Estado do Pará, onde responde processo para a expulsão. Em Marabá, ele continuou a cursar medicina na Faculdade de Ciências Médicas do Pará, a Afya/Facimpa.
Como ocorria o crime:
O fraude consistia em burlar o sistema de segurança das provas de vestibulares online de várias faculdades de medicina, permitindo, por exemplo, que terceiros tivessem acesso às questões das provas. Em outros casos, um dos investigados realizava as provas no lugar dos beneficiários da fraude. Foram identificadas situações em que o grupo chegou a fraudar provas para nove candidatos simultaneamente, utilizando-se de vários associados para resolver as questões da prova.
Se confirmada a hipótese criminal, os envolvidos poderão responder pelos crimes de estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso, além de outros que possam ser identificados ao longo da investigação.
Nota da universidade Afya/Facimpa
“A Afya esclarece que possui duas formas de processos seletivos para seus cursos de graduação. Os alunos que ingressam via Enem utilizam suas notas obtidas na prova aplicada pelo governo federal. Para as investigações em curso sobre esse tema, a instituição segue à disposição das autoridades competentes, comprometendo-se a fornecer todas as informações que sejam solicitadas e, sempre que necessário, tomará as medidas cabíveis dentro do que prevê a legislação.
Para o caso do vestibular próprio, a instituição aplica uma prova on-line por meio de um dos mais modernos e reconhecidos sistemas de segurança da atualidade, equivalente ao sistema da prova norte-americana Toefl. O sistema foi desenvolvido para monitorar os candidatos e garantir total integridade do processo. Utilizando inteligência artificial, a plataforma grava o candidato em tempo real e o monitora por áudio e vídeo durante toda a execução da prova, realizando o bloqueio ou a quebra de conexão do concorrente em caso de suspeita de fraude, como tentativa de abertura de outra tela no computador, uso de celular ou ausência do candidato à frente da máquina.
A realização das provas também é acompanhada por monitores e fiscais que, conectados ao sistema, podem solicitar imagens mais detalhadas de eventuais ocorrências suspeitas e desclassificar o concorrente imediatamente.
A instituição reforça que atua com transparência, não tolerando quaisquer comportamentos que estejam em desacordo com os mais altos preceitos legais e éticos que a regem. A Afya afirma seu compromisso com a integridade e a justiça em todas as suas atividades acadêmicas e que, havendo comprovação de não conformidade, aplicará as medidas adequadas”.
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