A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o teste de vacinas, que estão em desenvolvimento, contra a hanseníase possam ser testadas em humanos. A criação e aplicação das vacinas se fazem como ato inédito e notável para a história da saúde pública mundial. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC), pertencente à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), liderará o teste clínico. Se os resultados dos testes forem satisfatórios, a população brasileira poderá ter uma vacina gratuita contra a doença.

De acordo com o coordenador administrativo do Pronto Atendimento Médico de Picos (PAM) e responsável pelo programa de controle da hanseníase na região Picos, Gilberto Valentim, o Brasil é um dos países de maior incidência da doença no mundo e por isso, os testes serão feitos com brasileiros. O Brasil concentra 90% dos casos da doença no continente americano e também é o segundo país do mundo em número de notificações da doença, atrás apenas da Índia. Em dez anos, de 2014 a 2023, foram quase 245 mil novas infecções, segundo o Ministério da Saúde. Apenas em 2023, foram registrados 22.773 novos casos.

Com relação ao município de Picos, Gilberto Valentim afirmou que em 2023 as notificações da doença chegaram ao que ele chama de ‘teto máximo’. “Eu acredito que a gente vai fechar os próximos cinco anos entre 20 e 35 casos de hanseníase por ano para a gente começar a diminuir essa incidência. Ano passado nós tivemos 27 casos, esse ano a gente já tem 24; como o ano ainda não terminou ainda, é possível que a gente ultrapasse um pouco a prevalência do ano passado”, projetou.   

O coordenador explicou como será a seleção dos voluntários que participarão dos testes no Brasil.

“Essas pessoas serão selecionadas pela Fiocruz, eu creio que vai selecionar em vários estados, vários grupos, pessoas absolutamente saudáveis que não tenham contato com a hanseníase, que não tenham parente próximo [infectado pela doença], com ninguém que fez tratamento na família, justamente para testar essa capacidade imunitária dos grupos que serão pesquisados”, acrescentou.

Valentim expressou sua expectativa com o imunológico. “É uma notícia boa, animadora, porque nos últimos anos a gente tem o tratamento que faz a cura da hanseníase, mas a hanseníase deixa um monte de sequelas. Com essa notícia boa que chega, que anima, inclusive todos nós que trabalhamos com a hanseníase, sendo bem otimista, essa vacina, passando por todos esses testes, ainda vai levar um cinco a seis anos para entrar no mercado”.

O estudo

Candidata a ser a primeira vacina contra a hanseníase, a LepVax foi desenvolvida pelo Access to Advanced Health Institute (AAHI), instituto americano de pesquisa biotecnológica, sem fins lucrativos. Com a moderna tecnologia de subunidade proteica, a vacina teve testes pré-clínicos promissores contra a bactéria Mycobacterium leprae, causadora da doença.

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Com informações da Agência Brasil