Pessoas LGBTQIA+ que passaram por práticas de conversão sexual têm mais chances de enfrentar problemas de saúde mental. Isso é o que aponta um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Stanford publicado na revista científica The Lancet Psychiatry.

➡️No universo da pesquisa, feita nos EUA, as práticas não se resumem ao trabalho de profissionais como psicólogos ou psicanalistas. De acordo com o estudo, elas podem incluir:

  • Encorajamento persistente de estilos de vida cisnormativos ou héteros por meio de orações;
  • Exorcismos;
  • Prescrição de medicamentos para reduzir a libido;
  • Fornecimento de terapias de conversação para alinhar a identidade de gênero com o sexo atribuído no nascimento.

➡️ As práticas (ou terapias de conversão) se baseiam na ideia de que a orientação sexual de uma pessoa pode e deve ser alterada. As ações têm como objetivo transformar pessoas que se identificam como gays, lésbicas, bissexuais e trans em cisgêneros.

O estudo analisou questionários preenchidos por 4.426 pessoas LGBTQIA+ nos Estados Unidos e as descobertas dos pesquisadores sugerem maiores sintomas de depressão, transtorno de estresse pós-traumático e pensamentos e comportamentos suicidas entre indivíduos LGBTQIA+ que foram submetidos a práticas de conversão, destacando seu profundo impacto emocional e mental.

Nguyen Tran, pesquisador em saúde LGBT do departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Stanford e principal autor do estudo, comenta que a pesquisa pode ajudar a aumentar a conscientização sobre as consequências dessas terapias na saúde mental.

“Ao documentar essa associação, o estudo ressalta a necessidade urgente de suporte à saúde mental e esforços mais amplos para prevenir essas práticas prejudiciais”, analisa Tran.

Os resultados também indicaram que líderes ou organizações religiosas tendem a liderar práticas voltadas para mudança de orientação sexual. Já organizações de saúde mental geralmente conduzem tentativas de alterar a identidade de gênero.

👉Enquanto identidade de gênero é a forma como a pessoa se identifica, como se relaciona com o próprio corpo, a orientação sexual diz respeito à maneira como ela se relaciona com outras pessoas.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) as terapias de conversão não possuem justificativa médica e representam uma grave ameaça à saúde e aos direitos humanos das pessoas afetadas.

G1