No ano em que preço do gás de cozinha teve alta histórica, 1,2 milhão de domicílios brasileiros passaram a usar também lenha e carvão como alternativa para cocção de alimentos, de acordo com pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2017, 12,3 milhões de domicílios usaram lenha ou carvão como combustível para cocção. O número representa um crescimento de 11% com relação aos 11,1 milhões verificados no ano anterior, segundo pesquisa divulgada nesta quinta (26) pelo instituto.
Em junho de 2017, a Petrobras alterou sua política de preços do gás de cozinha, com o objetivo de pôr fim a anos de subsídio, e passou a acompanhar mais de perto as cotações internacionais do produto. Entre a mudança e o fim do ano, a elevação do preço nas refinarias foi de 67,8%.
Para o consumidor, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o botijão de gás teve aumento de 16,4% no ano, já descontando a inflação. Foi o maior percentual desde 2002, quando a Petrobras também implementou política de preços mais próxima das cotações internacionais.
Feita com base em dados coletados pela Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílio Contínua (Pnad-C), a pesquisa do IBGE detectou que 98,4% dos 68,6 milhões de domicílios no país usaram gás de botijão ou canalizado para cocção de alimentos em 2017.
A coordenadora da Pnad-C, Maria Lúcia Vieira, disse que é possível que muitos dos domicílios tenham usado gás e lenha. “No Nordeste, por exemplo, é comum que as casas tenham fogão a gás e fogão a lenha”, disse ela. O crescimento do número de usuários de lenha ou carvão, porém, indica que houve troca pelo combustível mais barato, ressaltou.
Houve maior disseminação do uso de lenha ou carvão em todas as regiões, com destaque para o Norte (alta de 16% ou 239 mil domicílios) e Sudeste (alta de 13% ou 244 mil domicílios). Em números absolutos, o maior aumento foi no Nordeste, onde 411 mil domicílios passaram a usar os dois combustíveis, aumento de 10% com relação ao ano anterior.
Entre as capitais, a maior alta se deu em Curitiba, onde o número de domicílios onde lenha ou carvão foram usadas para cocção quase triplicou, saltando de 18 mil para 51 mil. Belém, porém, é a capital com a maior proporção de domicílios que usam os dois combustíveis: 42,7% do total.
ENERGIA ELÉTRICA
Houve grande crescimento também no uso de energia elétrico como combustível para o preparo de alimentos. Neste caso, porém, Vieira acredita em mudança de hábitos da população, com a opção por equipamentos elétricos como panelas de arroz e fritadeiras.
De acordo com a pesquisa, 27,3 milhões de domicílios usaram eletricidade para preparar alimentos em 2017, 23% a mais do que no ano anterior. A conta inclui todos os equipamentos usados para preparo, e não só cocção, como liquidificadores e batedeiras, por exemplo.
Folhapress