Apicultores de todo o Brasil estão fazendo um apelo urgente para o banimento imediato do Fipronil e de outros agrotóxicos, responsáveis por diversos casos de mortalidade de abelhas no país. A solicitação foi apresentada durante uma audiência da Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados. Reconhecendo a demora em adotar medidas concretas, o governo considerou a criação de um grupo de trabalho interministerial para superar obstáculos burocráticos.
As abelhas, essenciais para a produção de mel, desempenham um papel crucial na polinização, impactando a biodiversidade das plantas e a produtividade agrícola. No entanto, elas têm enfrentado desafios decorrentes das mudanças climáticas e, especialmente, da exposição a agrotóxicos que comprometem o sistema imunológico, afetam as glândulas produtoras de proteína da geleia real e resultam na destruição de colônias inteiras.
Ricardo Orsi, presidente da comissão técnico-científica da Confederação Nacional de Apicultores, destacou a natureza destrutiva do Fipronil. Mesmo em doses diluídas, esse agrotóxico mina gradualmente as colônias, levando à perda completa em questão de semanas. Outro agrotóxico amplamente utilizado no Brasil, o glifosato, não mata as abelhas, mas desorienta seu voo, altera glândulas e dificulta a criação de novas rainhas.
Marcelo Ribeiro, apicultor em Minas Gerais, testemunhou a perda de 80 colmeias devido à contaminação, identificando 40 princípios ativos de agrotóxicos em suas análises, com destaque para o Fipronil, que ele defende que seja banido imediatamente. O coordenador geral de agrotóxicos do Ministério da Agricultura, José Victor Costa, informou que o Fipronil está em reavaliação pela Anvisa e pelo Ibama, já tendo tido seu uso restrito desde março de 2023.
O secretário de biodiversidade e florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, reconheceu o atraso do governo em resolver o problema, destacando a significativa mortalidade de abelhas nos últimos anos devido aos agrotóxicos. Diante desse cenário, parlamentares como Padre João (PT-MG) e Pedro Uczai (PT-SC) propõem a criação de um grupo de trabalho interministerial para acelerar a resposta do governo. Além disso, Padre João defende a realização de concursos públicos para os órgãos de fiscalização e a retomada do Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos (Pronara).
No âmbito das soluções, a chefe da divisão de pesquisa e inovação do Ministério de Desenvolvimento Agrário, Adalgisa Ferreira, defendeu a transição agroecológica e o fortalecimento da agricultura familiar. O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) aposta em um controle fitossanitário mais eficaz para lidar com o problema. (Fonte: Agência Câmara de Notícias)
Fonte:Meio Norte