Fabricado pela Organon International, o Implanon tem conquistado as mulheres como método contraceptivo. No formato de um bastão plástico flexível de 4 cm de comprimento, a técnica, desenvolvida há cerca de quatro décadas, chegou recentemente ao Brasil e, segundo pesquisas, tem demonstrado ser eficaz e duradoura.
Desenvolvido com o objetivo de proporcionar às mulheres um método anticoncepcional seguro, confortável e com poucos efeitos colaterais, o implante foi inicialmente comercializado no Brasil, mas atualmente também é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para mulheres adultas com idade reprodutiva entre 18 e 49 anos.
Contudo, devido ao fato de o procedimento ser um assunto relativamente novo entre o público feminino, ainda existem muitas dúvidas sobre como ele funciona. Por isso, as ginecologistas Dra. Flávia do Vale e Dra. Priscila Pyrrho explicam como funciona o implante e a diferença dele para outros métodos contraceptivos. Veja!
1. Procedimento com aplicação praticamente indolor
Inserido na parte interna do braço, o implante leva apenas alguns minutos para ser colocado e, segundo a Dra. Flávia do Vale, fornece a sensação da aplicação de uma injeção. “Não é preciso pontos após a colocação do implante. Antes do procedimento de inserção, é dada anestesia local para que a paciente não sinta dor quando isso estiver acontecendo. O implante é inserido (injetado) debaixo da pele na parte interna do braço. Após a inserção do implante, é possível sentir o chip embaixo da pele”, diz a médica ginecologista.
2. Implanon é um método altamente eficaz
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Implanon é um método contraceptivo de alta eficácia. Isso porque ele tem apenas 0,05% de taxa de falha. Comparado a outros procedimentos, como o DIU, ele é o mais indicado, já que este último apresenta falha de 0,2 a 0,8%.
“[A eficácia do Implanon, em comparação ao DIU e a laqueadura, é maior], porém bem semelhante. O DIU, por exemplo, pode sair do lugar sem dar sintomas, e a ligadura ou a laqueadura das trompas pode recanalizar”, explica a Dra. Flávia do Vale
3. Dura menos que outros contraceptivos
Ao contrário do DIU de cobre, que deve ser trocado a cada 10 anos, e o hormonal, a cada 5 anos, o Implanon, conforme explica a Dra. Flávia do Vale, deve ser substituído a cada 3 anos. “Quando o implante é inserido pela primeira vez no braço, pode levar até 7 dias para começar a funcionar para evitar a gravidez. Mas isso [a troca do dispositivo] depende do momento do seu ciclo menstrual e se você já estiver usando contracepção”, diz a ginecologista.
4. Adaptação pode durar de três a seis meses
De acordo com a Dra. Priscila Pyrrho, o período de adaptação dependerá de como o organismo da mulher irá reagir à ação do dispositivo, pois algumas pacientes costumam ter adaptação imediata. No entanto, geralmente, o período leva de três a seis meses e, durante essa fase, as médicas explicam que alguns efeitos colaterais podem ser sentidos, como:
– Hematomas e sensibilidade no local de aplicação (que costumam desaparecer em até uma semana);
– Dor de cabeça;
– Seios doloridos e sensíveis;
– Acne;
– Alteração de humor;
– Inchaço;
– Redução da libido;
– Resistência à insulina;
– Queda de testosterona;
– Desânimo;
– Cansaço;
– Dificuldade para ganhar massa muscular.
Além desses, a Dra. Priscila ressalta o sangramento irregular. “A taxa de mulheres que tem escape é bem alta. A ideia é que a mulher fique sem menstruar, mas, nesse intervalo [entre a colocação e a troca do Implanon], é muito frequente que elas tenham sangramentos irregulares, e isso é o que mais incomoda as mulheres e as fazem tirar”, diz a ginecologista.
5. Associação de medicamentos altera o efeito do implante
Conforme informa a bula do anticoncepcional, algumas drogas podem interagir com o dispositivo e torná-lo menos eficaz, como medicamentos usados para tratar epilepsia, tuberculose e fitoterápicos, a exemplo da erva de São João. Além disso, o Implanon também pode interferir na ação de outros remédios, por isso o recomendado é sempre informar o seu médico caso esteja tomando outros medicamentos ou tenha que tomá-los.
6. Existem poucas contraindicações ao implante
A Dra. Flávia do Vale explica que existem poucas contraindicações ao dispositivo, mas que, em algumas condições, os riscos superam os benefícios e o implante deve ser evitado, como:
– Cirrose descompensada grave;
– Tumores hepáticos malignos;
– Acidente vascular cerebral;
– Ataque isquêmico transitório (alteração da função cerebral);
– Trombose;
– Enxaqueca aura.
Além desses, a Dra. Priscila Pyrrho acrescenta: “As contraindicações são: se tiver algum câncer que seja depende das progesteronas, porque ele [Implanon] é uma progesterona; se tiver algum sangramento desconhecido anterior, primeiro tem que investigar, pois, com sangramento vaginal, nós não podemos colocar; ou se tiver alguma alergia ao etonogestrel [hormônio liberado pelo dispositivo]”, explica a profissional.
7. Evita o esquecimento
Por liberar hormônios frequentemente, a técnica é muito indicada para quem esquece de tomar a pílula diariamente. “O implante libera constantemente o hormônio progestagênio em sua corrente sanguínea, o que impede a liberação de um óvulo a cada mês (ovulação).
Também engrossa o muco cervical, o que torna mais difícil para o esperma se mover através do colo do útero, e afina o revestimento do útero, de modo que é menos provável que um óvulo fertilizado se implante”, explica a Dra. Flávia do Vale. No entanto, segundo a Dra. Priscila Pyrrho, devido à constante liberação de hormônios, o dispositivo também pode causar alta dose hormonal.
8. Sobrecarrega menos o sistema hepático
Por não ser um medicamento via oral, o Implanon também apresenta benefícios sobre o sistema hepático. “O método evita o efeito que a gente chama de ‘primeira passagem hepática’, porque ele só passa pelo fígado uma vez e isso sobrecarrega menos o sistema hepático”, finaliza a ginecologista Dra. Priscila Pyrrho.
Fonte: Estadão Conteúdo