O Sindicato dos Médicos do Piauí (Simepi) saiu em defesa do médico Jelson Rui Piaulino Lima, que apareceu em um vídeo discutindo com pacientes no Hospital Estadual João Luís de Moraes, em Demerval Lobão, a 35 km de Teresina. O Simepi divulgou uma nota na noite dessa sexta-feira (28) e repudiou a atitude da direção do hospital ao ter afastado o médico.
O médico estava de plantão na unidade quando houve a confusão. O Simepi disse que o médico agiu dessa forma porque estava sobrecarregado do trabalho e que sua atitude foi correta.
Jelson Piaulino Lima foi filmando enquanto discutia com pacientes que aguardavam atendimento no local. O vídeo viralizou nas redes sociais na quinta-feira (27). Nas imagens, o médico fala para uma mulher que o hospital atende urgência e emergência e que se frescar ele não atenderia mais ninguém. Em seguida ele perguntou se a paciente queria atender no lugar dele. “Você não é a médica, eu que sei a prioridade dessa put**ria aqui”, disse o médico.
A fala do médico ocorreu após a paciente reclamar na recepção do hospital que estava há um tempo aguardando atendimento para sua filha e outros pacientes que chegaram depois estavam sendo atendidos antes dela. No entanto, a recepcionista teria falado com o médico e ele foi diretamente falar com os pacientes de forma alterada.
Ainda segundo o Simepi, o médico estava respeitando a ordem legal de atendimento aos pacientes de urgência e emergência, e, que em defesa própria e de toda a equipe hospitalar, ele afirmou que não admitiria qualquer tipo de desrespeito.
Em cumprimento ao seu dever na defesa dos direitos e interesses da categoria médica, o SIMEPI ressalta que, pela análise do vídeo, percebe-se que o profissional estava no lídimo exercício de suas atribuições funcionais, atendendo aos casos de urgência e emergência, de acordo com a gravidade, quando foi pressionado pela paciente, que exigia imediato atendimento, à qual o médico, claramente exaltado pela sobrecarga de trabalho e pela infundada pressão sofrida, declarou que estava respeitando a ordem legal de atendimento aos pacientes de urgência e emergência, e, em defesa própria e de toda a equipe hospitalar, afirmou que não admitiria qualquer tipo de desrespeito.
O Sindicato disse ainda que a reação exaltada do profissional é mais uma consequência da sobrecarga de trabalho e de atendimento nos plantões médicos, onde não há médicos e nem leitos suficientes para a excessiva demanda.
“As razões expostas pelo médico, ainda que de forma inflamada, foram corretas. Há muito tempo o SIMEPI vem denunciando e alertando sobre as más condições de trabalho médico nos plantões, inclusive com a campanha “PLANTÃO MÉDICO NÃO É CONSULTA”, em razão do deficiente funcionamento dos serviços de atenção básica na saúde pública, que consequentemente sobrecarregam os serviços de urgência e emergência e o número de atendimentos, desvirtuando o serviço e penalizando os profissionais”, disse trecho da nota.
Por fim, o Simepi repudiou o afastamento do médico e recomendou que os gestores melhores as condições de trabalho e estruturas para atendimento médico.
” O SIMEPI veementemente REPUDIA o afastamento do médico em questão, o qual, diante da pressão e repercussão sofrida e da sobrecarga de trabalho, necessita receber apoio e acompanhamento dos seus empregadores, inclusive quanto à sua saúde mental e psíquica, recomenda fortemente à Direção do hospital que, caso inexistente, adote e cumpra serviço de triagem, além de respeitar a autonomia profissional do médico. Recomendamos, ainda, de forma URGENTE, aos gestores, a melhoria das condições de trabalho do médico e das estruturas físicas adequadas para atendimento, a realização de concurso público imediato com um número de médicos adequado para a grande demanda e a garantia de segurança nos hospitais”.
Fonte: Piauí Hoje