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Com o início de um novo ano e de novos governo, no Brasil e no Piauí, economistas consideram que serão grandes os desafios para melhorar a economia no país. As perspectivas são de um baixo crescimento em 2023, mas as decisões dos novos gestores devem ser essenciais para definir o destino do país, na avaliação dos especialistas.

O Cidadeverde.com conversou com o economista e professor, Fernando Galvão, e também com o presidente do Conselho Regional de Economia do Piauí, Valmir Martins Falcão. Os especialistas avaliaram as projeções para o novo ano.

Para eles, existem algumas incertezas para 2023 e as políticas governamentais serão essenciais para definir o rumo do Brasil e do Piauí. .

Baixo crescimento em 2023

O economista Fernando Galvão afirmou que em 2022 o país deve ter um pequeno crescimento, mas ainda será maior do que era esperado. Ele explicou que as decisões tomadas, com recursos acima do que era previsto no orçamento ajudaram nesse crescimento, mas que isso deve impactar o ano de 2023, que deve ter um baixo crescimento.

“O Brasil tende a desacelerar o desempenho econômico que está tendo. No ano de 2022 deveríamos ter crescido entre 0,5% a 0,7%, muito baixo, mas agora o crescimento deve ir entre 2,5% a 4%, então uma diferença muito grande. O acontece é que de fato a partir do meio do ano, o governo promoveu aquele furo do teto com recursos acima do orçamento, para fazer políticas sociais no período eleitoral, e isso ajudou a turbinar artificialmente a economia brasileira, então está tendo crescimento acima do esperado. Então a projeção que era para 2022, de 0,5% a 0,7% agora vai para 2023”, explicou.

Para reverter essa situação, Fernando acredita que a PEC da Transição poderá ajudar. “Com aprovação do ajuste da PEC da Transição que permite uma folga de mais de R$ 140 bilhões para gastar acima do teto, isso dará maior flexibilidade para injetar recursos na economia, investimentos, aumento do salário mínimo, então essas medidas de governo podem também estimular um maior crescimento em 2023 diferente do que está sendo projetado”, destacou Fernando.

Já o economista Valmir Falcão afirmou que a pandemia impactou o mundo, e que somente em 2022 os países começaram se fortalecer novamente, e que são vários os fatores que vão influenciar em 2023, mas que ainda existem muitas incertezas.

“No Brasil, o ano de 2022 foi um crescimento acima do esperado. Foi uma mistura de commodities altas, pois somos um grande exportador, com benefícios governamentais, e uma demanda reprimida da pandemia que impulsiona o nosso PIB, que deve crescer a 2,9 e 3% nesse ano, mas o resultado será divulgado apenas em março. O nosso setor de serviços é responsável a quase 70% do nosso PIB, e o que a gente tem é uma incerteza, porque ele vai perder um pouco de força e pode deixar de impulsionar a nossa economia em 2023. Também depende muito das políticas governamentais, temos um novo ministro da Fazenda, o Fernando Haddad, e ele já está colocando pessoas do ministério que estão dando visibilidade no mercado e isso é bom para o país”, destacou.

Desafios no Piauí

Para o economista Fernando Galvão, uma reforma tributária é essencial para poder ajudar os estados brasileiros, principalmente após a perda de recursos devido à redução na arrecadação do ICMS.

“Um teto mais baixo na alíquota do ICMS comprometeu as contas estaduais, então os estados devem recompor suas receitas com as alíquotas, e isso afeta o Piauí também. Então essa situação vai gerar aumento da despesa, impacto inflacionário, é importante que os governadores e o presidente se reúnam e encontrem uma solução. Também acredito que é importante uma reforma tributária para corrigir essa distorção que existe no nosso país, que é um problema que também afeta os estados”, afirmou.

Ele ainda disse que o investimento em cinco áreas pode ajudar a potencializar a nossa economia.

“O Piauí precisa conseguir ampliar receitas diante dos gastos, essa ampliação precisa vir com investimento, então o governo tem que aumentar investimento em infraestrutura. Só que em 2023 não teremos recursos para isso, então vamos precisar de suporte do governo federal, e se a gente conseguir esse investimento em infraestrutura, vamos poder ter crescimento econômico e talvez assim a gente consiga aumentar a receita e a arrecadação diante dos nossos gastos. Esse é o maior desafio. Na verdade, já existem cinco áreas mapeadas que são importantes para receber investimentos, são elas: infraestrutura, mineração, agronegócio, turismo e energias renováveis, essas são as cinco áreas que podem turbinar o investimento no Piauí”, declarou.

Inflação

A inflação atua diretamente nos preços dos bens e serviços, pesando no bolso do consumidor. Para 2023, o economista Valmir Falcão acredita que ela deve reduzir.

“Em relação à inflação, tivemos nesse ano chegando a quase 6 pontos, de 5.8% a 6%, mas em 2023 é um ano onde a tendência é voltar ao normal, pois teve uma perca de fôlego nos preços, que é explicado por vários fatores, uma delas é a normalização da produção da cadeia de produção pós pandemia, onde a economia voltou ao normal em 2022, por outro lado, vimos os custos logísticos caindo, como a questão do frete, a escassez dos produtos, ao mesmo tem o preço das commodities, como a soja, que parou de subir e deve seguir, segundo projeção, com preços estáveis em 2023 e isso segura o preço de alimentos e insumos, por isso creio que a inflação de 2023 vai ter um controle, por essa série de fatores e a política implementada pelo Banco Central”, disse Valmir Falcão ao Cidadeverde.com.

Os juros devem permanecer elevados. “Em relação ao consumo, alguns economistas acham que os programas fiscais que foram feitos em 2022 como o Auxílio Brasil, Vale Gás e Auxílio Taxista, não devem ter um impacto muito grande em 2023, pois já estão incorporados no orçamento das famílias, então não devem surtir tanto efeito na questão do consumo. A taxa de juros continua em patamar elevado de 13,75% por ano e deve segurar um pouco a economia, principalmente o comércio, que enfraquece produtos de bens duráveis, pois juros altos pesam sobre o endividamento e baixam o consumo de itens que exigem maior financiamento, como carros e imóveis”, destacou Valmir.

População deve ficar atenta

Para o economista Fernando Galvão, as famílias devem ficar atentas e investir na realização de compras conjuntas.

“Eu penso que o mais interessante é a população investir em autoconsumo, por exemplo, em fazer compras conjuntas e assim conseguir preços mais baixos, quando as pessoas investem em autoprodução e consumo, vão baixar o custo de vida dela. Eu acho que essa é a estratégia mais interessante para 2023, independe do cenário estariam com condições mínimas, eu penso que o ciclo é bem mais otimista, então se a gente usa autoprodução, autoconsumo e num cenário positivo, acaba gastando menos. O futuro desejável passa por criatividade, colaboração e compartilhamento, se as famílias pensarem assim e agirem assim, a gente consegue criar um cenário mais interessante”, finalizou.

 

Fonte: Cidade Verde