Simples, de graça e muito eficaz na proteção contra o vírus HIV. A Profilaxia Pré-Exposição, mais conhecida pela sigla PrEP, é um dos métodos de prevenção à infecção pelo HIV que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil.

  • Um comprimido por dia, acessível no Sistema Único de Saúde (SUS), é capaz de preparar o organismo para enfrentar um possível contato com o vírus e impedir que ele infecte o corpo;
  • Em quatro anos (2018-2021), mais de 52,5 mil pessoas tiveram acesso, pelo menos uma vez, à PrEP no SUS, de acordo com o Ministério da Saúde;
  • O número de casos de infecção pelo HIV caiu 11,1% no Brasil entre 2019 e 2021.

    Especialistas apontam que o método de prevenção é considerado como um dos responsáveis pela diminuição dos casos de HIV no Brasil e contribui para a melhora na qualidade de vida sexual e no combate ao preconceito em relação à Aids, doença provocada pelo vírus.

    Abaixo, nesta reportagem, você vai saber:

    O que é a PrEP?

     

    É um comprimido que combina dois medicamentos antirretrovirais (tenofovir + entricitabina). Dentro do corpo, eles trabalham para fazer uma espécie de bloqueio nos caminhos que o HIV usa para infectar o organismo.

    Assim, o corpo se prepara para enfrentar um possível contato com o HIV, como em uma relação sexual, por exemplo.

     

    • Em dezembro de 2017, a PrEP foi distribuída para 325 pessoas em 11 estados;
    • Em dezembro de 2021, já eram quase 30 mil usuários de PrEP nos 26 estados e Distrito Federal;

      Quem pode tomar?

       

      Quem não está infectado pelo HIV e possuir maior risco de entrar em contato com o vírus, como quem tem vários parceiros ou não consegue usar camisinha.

      “A PrEP é tomada diariamente por quem tem um risco aumentado de infeção por HIV, como pessoas que não conseguem usar o preservativo, quem sempre tem quadros de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ou quando você está vivendo um relacionamento sorodiferente, que é aquele que uma pessoa tem HIV e a outra não”, explica o médico infectologista Vinícius Borges, especialista em ISTs.

       

      Ela também é indicada para homens gays, transexuais, trabalhadores do sexo e para quem faz uso repetido da PEP, a Profilaxia Pós-Exposição (siga lendo para entender a diferença).

      Como tomar a PrEP?

       

      Caso você esteja nos grupos indicados, é importante consultar um médico para iniciar o uso do medicamento. Isso porque há dois jeitos de tomá-lo.

      No SUS, a PrEP geralmente é receitada para ser tomada uma vez por dia – e a retirada do medicamento, de graça, deve ser feita a cada três meses. O efeito protetor começa a partir do sétimo dia.

      “Você toma um comprimido por dia e faz exames a cada quatro meses”, afirma o médico Vinícius Borges. “A PrEP só age no HIV, ela não previne outras ISTs”, ressalta.

       

      Segundo o Ministério da Saúde, a PrEP não precisa necessariamente ser usada até o final da vida de maneira ininterrupta. A pessoa pode interromper ou parar o uso do medicamento, caso haja mudanças no seu contexto de vida. Também pode retomar o uso da profilaxia.

      Dos mais de 29,9 mil usuários de PrEP no Brasil em dezembro de 2021, 41% pararam de tomar o medicamento em algum momento, mas depois recomeçaram.

      Liberada recentemente pelo SUS, mas já receitada por médicos particulares, há também a chamada PrEP sob demanda: é o mesmo comprido, só muda a forma de tomar, no esquema “2+1+1”.

      “São dois comprimidos de 2 a 24 horas antes do sexo, um comprimido 24 horas após a dose dupla e um comprimido 48 horas após a dose dupla. É indicada apenas para homens gays e bissexuais cisgênero, de acordo com o protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, explica o infectologista.

      O esquema sob demanda é mais usado, segundo o médico, por quem tem menos exposições sexuais semanais e consiga planejar seus horários.

      E a eficácia?

       

      De acordo com o infectologista, o uso diário da PrEP pode gerar uma proteção de até 99% contra o HIV no sexo anal. No sexo vaginal, a eficácia do medicamento é de cerca de 90%. Já no esquema sob demanda, a eficácia é de até 97%.

      É muito eficaz. Os poucos casos de infecção por HIV acontecem em pessoas que não tomam o medicamento de forma correta e acabam se tornando mais vulneráveis”, diz Vinícius Borges.

      A PrEP exclui a camisinha?

       

      Não. A PrEP faz parte da prevenção combinada, uma estratégia adotada pelo Ministério da Saúde que junta vários métodos de prevenção ao HIV, de acordo com as necessidades de cada pessoa.

      Para o infectologista, as medidas de proteção não se excluem, mas se somam. Ele defende que a prevenção vai muito além da camisinha.

      “Se camisinha fosse resolver a epidemia de AIDS, ela já teria resolvido. Hoje, a gente tem que entender que existem outras opções para pessoas mais vulneráveis, para quem não consegue usar a camisinha sempre, e a PrEP tem mostrado um impacto gigante”, diz Borges.

      A PrEP faz parte da estratégia de prevenção combinada do Ministério da Saúde.  — Foto: Divulgação/Semsa

      A PrEP faz parte da estratégia de prevenção combinada do Ministério da Saúde. — Foto: Divulgação/Semsa