O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acaba de anunciar – às 19h57- que Luiz Inácio Lula da Silva é eleito presidente da República com 50,78% dos votos apurados, equivalente a 59 milhões de votos. O candidato Jair Bolsonaro (PL), que tentava à reeleição, obteve 49% dos votos válidos, equivalente a 57 milhões de votos.

Desde o início da apuração, Bolsonaro liderava os votos, por volta das 18h40 houve uma virada e Lula passou à frente com diferença sempre apertada.

Perfil de Lula

O pernambucano Luiz Inácio Lula da Silva, 77, poderia estar aposentado, preparando uma galinhada e saboreando a fama de presidente mais popular da história recente do Brasil —deixou o Palácio do Planalto após oito anos, no primeiro dia de 2011, com aprovação de 83%.

Neste domingo (30), contudo, ele enfrentou a eleição mais difícil de sua carreira, contra um adversário aguerrido que o espelha quando o domínio é o de conexão com o eleitorado. Para horror do PT e do dito campo progressista, Jair Bolsonaro (PL) é tão odiado quanto popular.

Mas Lula não disputa só uma cadeira. O pleito se tornou um plebiscito de seu legado e acerca do futuro da esquerda brasileira, que orbita em torno do petista desde sua consolidação como líder de massas no primeiro dos seis pleitos presidenciais em que concorreu, ao ser derrotado por Fernando Collor em 1989.

“Não quero ser um Michael Schumacher”, repetia a quem quisesse ouvir Lula no começo de 2014, quando surgiu um movimento forte para que ele disputasse o Planalto no lugar de sua sucessora, Dilma Rousseff (PT). Menos do que apreço pela impopular aliada, o que havia era cálculo.

Naquele momento, o antipetismo ganhava corpo, após a agitação das ruas de 2013. Segundo um aliado próximo do ex-presidente, Lula pressentiu o que viria: mesmo que Dilma tivesse derrotado o PSDB, as forças que levaram ao impeachment da petista em 2016 já estavam em movimento. Era melhor esperar.

Mas havia também uma pulga atrás da orelha, que levou à comparação com o heptacampeão mundial de F-1, hoje em coma após acidente esquiando, que voltou às pistas de forma medíocre. O tal legado.

Animal político, contudo, Lula preferiu esquecer o pressentimento, apesar das advertências da história: tanto seu modelo Getúlio Vargas quanto o estadista maior do século 20, o britânico Winston Churchill, tiveram passagens desastradas ao voltar ao poder. Um se matou, o outro saiu desgastado.

A evolução da Operação Lava Jato e do consequente antipetismo e espírito antipolítico por ela despertado fez com que Lula novamente jogasse de forma tática. Fingiu ser candidato em 2018, sabendo que iria ser impedido pela legislação vigente —tinha a proverbial ficha suja.

Mas ao colocar na undécima hora o segredo de polichinelo à mostra, na forma da postulação de Fernando Haddad, garantiu musculatura para o PT se posicionar num jogo em que o PSDB já estava em implosão.

Viu o partido chegar ao segundo turno e formar uma gorda bancada federal, suficiente para atravessar o deserto da eleição municipal de 2020. Passou 580 dias preso, mas passou a colher vitórias legais que não só tornaram nulas suas sentenças como, em abril do ano passado, lhe devolveram os direitos políticos. Com Bolsonaro presidindo um desastre institucional e com a rejeição em alta, Lula decidiu ir em frente.

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Da Redação com informações da Folhapress
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