O mês de março se encerra com um importante alerta para a saúde da mulher: a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer do colo do útero. No Piauí, esse tipo de câncer é o segundo mais incidente entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. A alta incidência está diretamente ligada à desigualdade social e ao difícil acesso à prevenção e ao tratamento, segundo especialistas.

Cenário preocupante no Piauí

A presidente do Sindicato dos Médicos do Piauí (SIMEPI), Lúcia Santos, destaca a gravidade do problema no estado. “No Piauí, a incidência é diferente da média nacional. Aqui, é o segundo câncer mais incidente, perde apenas para o câncer de mama. Isso ocorre porque vivemos em uma região pobre. Ele afeta principalmente mulheres pardas, entre 50 e 59 anos. Precisamos aumentar o rastreio, o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento para curar essas mulheres. Entre 2018 e 2022, registramos mais de 700 mortes por câncer de colo do útero no estado”, afirma.

Diagnóstico precoce e vacinação são essenciais

A ginecologista Karynnae Santos, presidente da Associação Piauiense de Ginecologia, reforça que a prevenção vai além do público feminino. “Quando falamos de câncer do colo do útero, não estamos falando só para meninas. O HPV é um vírus altamente relacionado a esse tipo de câncer, e a vacinação é fundamental para meninos e meninas de 9 a 15 anos. A imunização não protege apenas contra o câncer do colo do útero, mas também contra outros cinco tipos de câncer: de vulva, vagina, ânus, pênis e canal anal. É uma forma de prevenção abrangente e eficiente”, explica.

Mesmo com a existência de exames simples e acessíveis para o rastreamento, como o Papanicolau e a citologia oncótica, o Brasil e o Piauí ainda figuram entre os estados com altos índices da doença. “É um desafio para os médicos porque, ao mesmo tempo em que temos a vacina e exames de diagnóstico precoce, ainda enfrentamos dificuldades na adesão da população. O câncer do colo do útero é completamente evitável. Deveríamos ter uma prevenção mais eficaz com ações como vacinação, incentivo à educação em saúde sexual e ao uso de preservativos. Além disso, a nova detecção do DNA do HPV, que foi inserida no rastreio, poderia contribuir para reduzir esses números alarmantes”, complementa a ginecologista.

Vacinação 

A vacina contra o HPV é oferecida gratuitamente pelo SUS e é altamente eficaz na prevenção dos principais tipos do vírus. “A vacinação é acessível, bem tolerada pelo organismo e essencial para interromper a transmissão do HPV. Como ele é um vírus transmitido sexualmente, é fundamental vacinar tanto meninos quanto meninas nessa faixa etária. Além disso, para pessoas com imunidade comprometida, a vacinação é indicada até os 25 anos. A vacina é quadrivalente, protegendo contra os quatro principais tipos de HPV”, esclarece Karynnae Santos.

Cidade Verde