A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou nesta quarta-feira (11) os resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) no ano de 2023. O levantamento analisou 3.294 amostras de alimentos de 76 municípios em todo o país.

A pesquisa avaliou alimentos que representam 31% da alimentação de origem vegetal dos brasileiros: abacaxi, alface, alho, arroz, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva.

No estudo, as amostras de laranja e de abacaxi apresentaram o maior percentual de resíduos de substâncias químicas e, por isso, foram considerados alimentos que representam risco agudo para saúde da população em curto espaço de tempo por conterem excesso de agrotóxicos.

O programa é responsável por avaliar a qualidade dos alimentos e garantir que estejam dentro do Limite Máximo de Resíduos (LMR) permitido pela Anvisa.

O núcleo recolhe semanalmente alimentos das prateleiras dos supermercados de todo o Brasil e estuda a presença de pesticidas. As amostras são então classificadas de acordo com a quantidade de resíduo. São consideradas de risco agudo quando oferecem risco à saúde a curto prazo, e de risco crônico, quando consideram o impacto do consumo de diversos alimentos a longo prazo. Não foram emitidos registros de risco crônico na edição de 2023.

A Anvisa recomenda, como uma estratégia para evitar contaminações por esses resíduos, lavar bem os alimentos em água corrente, dar preferência para legumes, frutas e verduras da estação – que precisam de menos agrotóxico para serem cultivados – e optar pelos produtos que tenham identificação do produtor e orgânicos.

Afinal, o que são agrotóxicos?

São substâncias químicas artificiais usadas na agricultura e servem para proteger plantações contra doenças e pragas, além de aumentar a produção de alimentos. No entanto, os agrotóxicos podem ser muitos prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 20 mil mortes por ano acontecem pelo consumo ou contato com essas substâncias. O Brasil, país importante no mercado do agronegócio, é líder no consumo desses insumos desde 2008.

A exposição humana a essas substâncias químicas vem sendo estudada há alguns anos pelos órgãos nacionais e internacionais de saúde e já foram identificadas uma série de relações dos agrotóxicos com doenças crônicas como câncer, infertilidade, desregulação hormonal e malformações. Já no caso das intoxicações, podem gerar dificuldades para respirar, tremores, abortos, dermatite, vômitos, náuseas e até morte.

Já na esfera do meio ambiente, os danos podem perpetuar por gerações, já que podem contaminar solo, rios e lençóis freáticos. O uso a longo prazo e frequente de agrotóxicos pode prejudicar espécies importantes para a diversidade, como as abelhas e minhocas.

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