A Polícia Civil do Piauí solicitou o bloqueio de mais de R$ 2 milhões pertencentes a um policial militar investigado por aplicar golpes financeiros em colegas de trabalho e seus familiares. O PM, que está preso no presídio militar desde o início de novembro, recebeu uma nova ordem de prisão preventiva.

De acordo com o delegado Thiago Damasceno, da 4ª Delegacia Seccional de Teresina, a medida busca assegurar os valores supostamente obtidos de forma ilícita e garantir o ressarcimento das vítimas.

“Entendemos que deveríamos agir o mais rápido possível. Representamos ao Judiciário por medidas cautelares e assecuratórias, como prisão preventiva, busca e apreensão, e bloqueio de valores. O Ministério Público deu parecer favorável, o Judiciário apreciou de maneira muito célere, e realizamos o pedido de sequestro de valores, que ultrapassam R$ 2 milhões”, explicou o delegado.

Ainda segundo Damasceno, o levantamento completo dos valores bloqueados está em andamento.

“Além de identificar elementos de autoria e materialidade do crime, essas medidas visam recuperar os ativos que foram retirados fraudulentamente das vítimas. Nosso objetivo principal é garantir o ressarcimento às pessoas lesadas no futuro”, acrescentou.

Além do inquérito em curso na 4ª Delegacia Seccional de Teresina, o policial militar investigado por aplicar golpes também é alvo de outra investigação no antigo 24º Distrito Policial (DP), localizado no bairro Renascença, zona Sudeste de Teresina.

No âmbito da Justiça Militar, o PM responde a um procedimento administrativo por deserção, após permanecer mais de oito dias ausente do trabalho sem apresentar justificativa ou comunicação formal.

Paralelamente, a Corregedoria da Polícia Militar também conduz procedimentos para analisar a conduta do investigado, podendo resultar em sanções administrativas ou disciplinares.

Entenda o caso

Segundo as vítimas, o policial atuava como um suposto trader, enviando extratos com lucros fictícios e realizando transferências iniciais para conquistar a confiança dos investidores. No entanto, após as primeiras operações, os pagamentos foram interrompidos, e as promessas de rendimentos elevados não se concretizaram. 

Fotos enviadas à TV Cidade Verde 

O prejuízo estimado das vítimas seria de mais de R$ 2 milhões. O PM agora está em prisão preventiva no presídio militar. O caso veio à tona após relatos das vítimas, e a Corregedoria da PM informou que há dois procedimentos administrativos em andamento para apurar as acusações. (Veja nota da Polícia Militar no final da matéria)

Para entender o contexto, um “trader” é um profissional que compra e vende ativos financeiros, como ações e moedas, visando lucro com as variações de preço no mercado.

Ao Cidadeverde.com, o policial afirmou que manteve contato com as vítimas, atribuiu os atrasos a problemas com o banco responsável pelos investimentos e alegou ter feito transferências para garantir o serviço oferecido.

“Estou em contato constante com as supostas vítimas mencionadas na matéria e tenho o comprovante de pagamento dos rendimentos e dos acordos firmados. A situação do atraso ocorreu em virtude de um compliance do banco ao qual o investimento está vinculado. Durante esse período de inatividade do serviço prestado, foram enviados valores com o intuito de garantir a responsabilidade pelo serviço. Estou à disposição para dar continuidade ao cumprimento dos acordos firmados entre as partes e o valor não é de 2 milhões de reais, como foi informado na matéria,” disse.

NOTA DE ESCLARECIMENTO DA PM:

A Polícia Militar do Piauí informa que está tomando todas as providências necessárias no caso de um policial militar acusado de aplicar golpes financeiros contra colegas de farda e outros membros da sociedade civil.

A PMPI já instaurou inquérito para apurar os fatos, bem como já afastou o policial até o término das investigações. 

Reiteramos o nosso compromisso com a transparência e a integridade. Asseguramos que todas as medidas legais estão sendo adotadas para garantir a justiça.

Cidade Verde