Inicia neste mês o período mais quente do ano no Piauí, conhecido como B-R-O-Bró. Essa expressão se refere aos meses de setembro a dezembro, quando as temperaturas no estado alcançam seus níveis mais elevados, frequentemente beirando os 40° C. Contudo, este ano, o desafio deve ser ainda maior. Isso porque, com o aumento das queimadas, o estado deve registrar temperaturas recordes, possivelmente fazendo deste o mês mais quente da história.

De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), somente no primeiro dia de setembro, o Piauí já registrou 127 focos de queimadas, e a previsão é de que esse número possa crescer ainda mais ao longo do mês. Esses focos de incêndio contribuem para o aumento da temperatura de duas formas: em uma escala local e em uma escala mais ampla. No nível local, um incêndio florestal pode alterar o microclima de uma área específica, tornando a temperatura ainda mais elevada.

“Em uma escala macro, quando se queima, a combustão é uma reação química, você está destruindo matéria vegetal e essa biomassa se transforma em dióxido de carbono. Esse dióxido de carbono tem a capacidade retentora e segura a radiação de onda longa, que é a radiação infravermelha, criando uma barreira que contribui para o aumento da temperatura global”, explica o climatologista e diretor de Prevenção da Defesa Civil do Piauí, Werton Costa.

A combinação de altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar cria um ambiente propício para a propagação de incêndios, que acabam por devastar vastas áreas de vegetação. No entanto, essa não é a única explicação para o aumento das queimadas no país. Segundo o diretor de Prevenção da Defesa Civil do Piauí, a ação humana é um dos principais motivos para o agravamento das queimadas na região da Amazônia e do Cerrado.

“Esses focos de calor estão na fronteira das áreas florestais, justamente na área onde acontece o agronegócio. Infelizmente, isso é uma constatação. Esses focos não estão dentro ou nos arredores das grandes cidades, estão onde se cria gado, se planta soja, milho, são nas áreas de plantio e pecuária extensiva”, destaca Werton Costa.

É por isso que, segundo o climatologista, a tese de que o fogo deve migrar da Amazônia para a região de Matopiba não é verdadeira.

“Não vai haver migração. A Matopiba já está queimando faz tempo. A tendência é, infelizmente, que nós tenhamos um aumento de queimadas nessa região, mas temos uma explicação cultural. A partir do começo de setembro e outubro, é cultural, nessa região, o prepara da terra, com a expectativa da chegada da chuva, que geralmente começa no final de outubro e começo de novembro. Com isso, existe a prática arcaica da coivara, da queimada para preparar a terra”, finaliza

Durante esse período de calor extremo, é importante que a população adote alguns cuidados para proteger a saúde e o bem-estar, como: manter a hidratação; usar protetor solar; evitar exposição ao sol entre 10h e 16h; ter cuidado redobrado com idosos e crianças; evitar atividades físicas durante o período mais quente do dia; evite realizar queimadas ou qualquer atividade que possa provocar incêndios.

Fonte: O Dia