Após confirmação na última semana de um caso de raiva humana na zona rural de Piripiri, Piauí, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) reforça que, apesar do susto, a população não precisa entrar em pânico. No entanto, é fundamental seguir algumas orientações para evitar novos casos. A última vez que o estado registrou casos de raiva foi em 2013, nas cidades de Pio IX e Parnaíba.
No caso de Piripiri, a transmissão da doença aconteceu após o ataque de um macaco conhecido popularmente como sagui. Em casos como este, a orientação é que a vítima procure imediatamente o atendimento médico. A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. Por isso, é importante evitar qualquer contato com animais silvestres.
Em casos de acidentes com estes animais e também com cães e gatos, a assistência médica deve ser procurada o mais rápido possível. Quanto ao ferimento, deve-se lavar abundantemente com água e sabão, o mais rápido possível, e aplicar produto antisséptico.
Importância da vacinação
O esquema de profilaxia da raiva humana deve ser prescrito pelo médico ou enfermeiro, que avaliará o caso indicando a aplicação de vacina e/ou soro. Nos casos de agressão por cães e gatos, quando possível, observar o animal por 10 dias para ver se ele manifesta a doença ou morre.
“Devemos observar o comportamento desses animais. Se identificarmos algum morto próximo a nossa casa, os serviços de saúde devem ser acionados, como zoonoses e vigilância ambiental, para serem recolhidos e coletadas as amostras”, explica Meirilane Veloso, gerente de Vigilância em Saúde da Sesapi.
Em relação aos animais domésticos, a Sesapi reforça que a vacinação é a única forma de se evitar a doença. A vacinação anual de cães e gatos é eficaz na prevenção da raiva nesses animais, o que consequentemente previne também a raiva humana. Deve-se sempre evitar de se aproximar de cães e gatos sem donos, não mexer ou tocá-los quando estiverem se alimentando, com crias ou mesmo dormindo. Nunca tocar em morcegos ou outros animais silvestres diretamente, principalmente quando estiverem caídos no chão ou encontrados em situações não habituais.
“Essa vacina ajuda a proteger que nossos animais domésticos, cães e gatos, adoeçam por raiva animal. Em relação aos animais silvestres, não existe ainda vacinação, por isso, é importante manter o distanciamento e não criar esses animais em ambiente doméstico”, reforça a técnica da Sesapi.
A raiva é uma doença infecciosa viral aguda grave, que acomete mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo Vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae.
“A população não precisa ficar assustada em relação a esse caso de Piripiri, mas é necessário reforçarmos todos cuidados necessários para que essa doença não volte a circular em nosso território. Por isso, pedimos a colaboração dos piauienses na adoção dos cuidados”, conclui a gerente da Sesapi.
Transmissão
O período de incubação do vírus no humano está relacionado à localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervosos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.
“O período de incubação é relacionado a localização. O período de incubação vai de 2 semanas a 1 mês. E a eficiência dos protocolos terapêuticos depende da localização, extensão e tempo em que o paciente procura o atendimento médico. Quanto menor o tempo de procura do atendimento melhor a eficiência das medidas terapêuticas”, explica a gerente.
Em cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade). A morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas.
Não se sabe ao certo qual o período de transmissibilidade do vírus em animais silvestres. Entretanto, sabe-se que os quirópteros (morcegos) podem albergar o vírus por longo período, sem sintomatologia aparente.
Os sintomas iniciais da raiva incluem febre, dor de cabeça, e fraqueza, seguidos por sinais mais graves como confusão, agitação, alucinações, hidrofobia (medo de água), e paralisia. Sem tratamento imediato após a exposição ao vírus, a raiva evolui rapidamente para o coma e morte.
Fonte: Portal O Dia