Jovens de vários municípios do estado do Piauí, sobretudo da região de Picos, participaram do encontro de representantes da nova geração camponesa do Movimento dos Pequenos Agricultores e das Pequenas Agricultoras (MPA), juntamente com organizações sociais e populares aliadas, realizado de 8 a 14 de julho no distrito de Daltro Filho, em Imigrante (RS). 

A jornada da Escola Nacional de Formação de Juventude Nega Pataxó recebeu jovens camponeses, estudantes, periféricos e trabalhadores da Amazônia ao Sul do país para definir suas pautas de luta e centrar focos em temas de estudo necessários à compreensão da sua realidade de classe e da conjuntura nacional, bem como para pautar os próximos passos da luta pela construção de um novo modelo de agricultura baseado na agroecologia.

Além do momento de formação, os jovens tiveram a oportunidade de acompanhar de perto a luta e o desafio dos pequenos agricultores gaúchos de se reorganizarem para retomarem suas atividades após a tragédia no Rio Grande do Sul com as enchentes e alagamentos que atingiram 2,3 milhões de pessoas. 

A coordenadora do grupo de jovens que representaram o estado do Piauí no evento, Luana Pereira, destacou que foi uma experiência enriquecedora para os jovens. “Foi uma rica experiência para todos nós, saímos revigorados para continuar lutando por um país mais justo onde os camponeses sejam inseridos no debate da soberania alimentar e de melhoria climática.” disse ela.

Em relação a destruição provocada pelas fortes chuvas, ela ressaltou que os pequenos agricultores foram excluídos. “A mídia focou mais no impacto causado na zona urbana e até mesmo por falta de acesso a situação dos pequenos agricultores não foi mostrada. Até mesmo os donativos e utensílios enviados não chegaram na proporção devida e na verdade a maior parte chegou através dos grupos de base do MPA espalhados pelo Brasil.” afirmou. No encerramento, uma carta compromisso foi produzida pelos participantes do encontro.

Íntegra do documento final da jornada:

Carta Compromisso da Escola Nacional de Formação de Juventude Nega Pataxó

Daltro Filho, Rio Grande do Sul, 14 de julho de 2024

Hoje, ao finalizarmos esta jornada na Escola Nacional de Formação de Juventude Nega Pataxó, nossos corações transbordam de gratidão, esperança e compromisso. Da Amazônia ao Sul do Brasil, viemos como jovens camponeses, estudantes, periféricos e trabalhadores, unidos pelo desejo de construir um futuro melhor para todos e todas. Durante estes dias, entre os dias 8 e 14 de julho, mergulhamos em um processo profundo de formação, reflexão e ação, fortalecendo nossa convicção na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

A Escola Nacional de Formação de Juventude Nega Pataxó foi mais do que um espaço de aprendizado; foi um encontro de almas dedicadas à transformação social. Nos propusemos a compreender e enfrentar os desafios impostos pelo modelo capitalista de exploração, reafirmando nosso papel como atores políticos na construção de uma nova sociedade. Juntos, refletimos sobre as mudanças climáticas, o avanço da extrema direita e a importância da agricultura camponesa como solução para garantir a soberania alimentar e enfrentar a crise climática.

Durante esta semana, construímos laços de solidariedade e trocamos experiências valiosas. Cada oficina, debate e atividade nos mostrou que a força da juventude está em nossa união e determinação. Reafirmamos nosso compromisso com a construção de territórios emancipados, livres de opressão, e com a luta pela soberania alimentar. A história e o legado de grandes lutadores e lutadoras do povo nos inspiram e fortalecem nossa revolução, baseada no Poder Popular.

Nosso compromisso com a juventude e com os territórios não termina aqui. Saímos desta escola com a missão de continuar o trabalho de formação, organização e luta em nossos estados. Devemos assegurar a continuidade do processo de animação e formação, contribuindo para o avanço da luta contra a extrema direita e garantindo ações concretas de solidariedade. Precisamos estar presentes nos territórios impactados pelas catástrofes climáticas, reafirmando nossa responsabilidade na construção de um projeto popular para o Brasil.

Este é o momento de assumirmos, com ainda mais vigor, nosso papel na construção de uma nova geração camponesa. A luta pela educação pública e contextualizada, pelo direito à terra e à cultura, e pela defesa de nossos territórios deve ser constante. A construção de uma sociedade socialista é o horizonte que nos guia, e para isso, devemos seguir firmes na organização e mobilização de nossa juventude.

Saímos daqui com a certeza de que juntos somos mais fortes. Que cada jovem militante leve consigo o compromisso de transformar sua realidade, inspirando e mobilizando outros jovens em seus territórios. Que nossa luta seja constante, nossas vozes sejam ouvidas e nossa presença seja sentida em cada canto deste país.

Juventude Camponesa: Semeando Solidariedade construindo o Projeto Popular

Outras imagens do encontro: