A escritora Roseana Murray, de 73 anos, atacada por três cães da raça pitbull, entrou no hospital com o braço e uma das orelhas dilaceradas. Ela recebeu alta após 13 dias internada, na quinta-feira (18), e saiu aplaudida pela equipe médica que a atendeu devido à sua força de sobrevivência.
Casos como a de Roseana chamam a atenção para o ataque de cães de grande porte e aqueles considerados “agressivos”, como pitbull, rottweiler e pastor alemão.
Em 2023, 51 pessoas morreram em ataques de cães no Brasil, o maior número de vítimas desde o início da série histórica, em 1996. É um número 27% maior do que em 2022, quando foram registradas 40 fatalidades. O levantamento exclusivo do SBT News foi obtido por meio do Sistema de Informações Sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
Veja:
Para Ary Dutra, professor de Medicina Veterinária da Universidade Veiga de Almeida, a culpa desses acidentes nunca é dos animais ou das vítimas.
Ary afirma que um dos grandes problemas ocorre quando o tutor retira o filhote de grande porte pós-nascimento, com no máximo 60 dias de vida, sem conhecer o comportamento do cão e, sem informações sobre a linhagem dessas raças consideradas mais agressivas.
No ano passado, o estado de São Paulo teve a maior quantidade de casos do país, sendo responsável por 19 mortes. Foi um aumento de 137,5%, comparado ao ano anterior.
Em seguida, aparecem o Rio Grande do Sul, com 7 óbitos, um salto de 40%; Goiás, com alta de 200%; e Bahia, que manteve a mesma quantidade de 2022, ambos com 3 mortes.
Veja a quantidade de casos por estado, em 2023:
Tiago Monteiro, adestrador de cachorros há pelo menos dez anos, aponta que o principal cuidado com o animal está no dia-a-dia: não é suficiente colocá-lo dentro de casa e oferecer água, comida e um pouquinho de carinho.
No caso da escritora, a Polícia prendeu em flagrante três donos dos pitbulls por maus-tratos contra animais, omissão de cautela e lesão corporal. Mas, a Justiça concedeu liberdade provisória aos acusados.
A raça pitbull possui restrições em mais de 20 países, como Espanha, Rússia, Argentina, Itália e Nova Zelândia. De acordo com Ary Dutra, a proibição, entretanto, não é a solução. “Não se deve impedir a criação, mas, sim, regulamentar a criação e a venda, para que as pessoas tenham certeza de que o animal se enquadra nos padrões da linhagem”.
O SBT News questionou o Ministério da Justiça (MJ) e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) sobre o que têm feito diante do aumento de mortes por ataques de cães. O MJ afirmou que cabe aos estados políticas preventivas e a SSP não nos respondeu. O espaço segue aberto.
Dicas para agir diante de cães soltos
O professor e médico veterinário ensina o que não fazer ao se deparar um cão de grande porte solto ou sem focinheira:
1) “Nunca encare nem olhe nos olhos do animal dominante. Ele pode entender o sinal como um desafio de dominância e atacar”.
2) “Não corra – a não ser que tenha consciência de que atingirá abrigo próximo e seguro. Os cães correm até 10 vezes mais rápido que o homem”.
3) “Não grite. Se se sentir ameaçado ou for atacado, quanto mais você grita e esperneia, mais o cão ataca. Pitbulls têm força muscular torácica muito grande e são animais de chão e tração”.
4) “Nunca passe próximo a cães soltos desconhecidos, independentemente da raça”.
SBT