A pressão exercida por familiares do ex-tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), desempenhou um papel crucial em sua decisão de colaborar com a Polícia Federal (PF) por meio de uma delação premiada. A determinação de familiares, incluindo seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lorena Cid, que também enfrenta investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) por seu suposto envolvimento na venda de joias nos Estados Unidos, e sua esposa, Gabriela Cid, envolvida na falsificação do registro de vacinas que resultou na prisão de Cid, contribuíram para acelerar esse desdobramento.
O general Cid, que enfrenta sérias acusações no STF relacionadas à comercialização das joias sauditas no exterior, tinha interesse na colaboração de seu filho para mitigar as consequências legais que pairam sobre o caso. Da mesma forma, Gabriela Cid, envolvida em um escândalo de falsificação de registros de vacinação, via na delação uma oportunidade de reduzir seu próprio envolvimento no caso.
O advogado de defesa de longa data do ex-militar, Bernardo Fenelon, também defendeu a possibilidade de delação como um caminho viável, mas Cid inicialmente resistiu à ideia. Durante meses, ele sustentou que não seria um informante, rejeitando a perspectiva de trair Bolsonaro. Cid, que acumulou experiência na área de Operações Especiais do Exército, argumentava que estava preparado para resistir a qualquer pressão que lhe fosse imposta.
No entanto, quando Cezar Bittencourt assumiu a defesa do militar em meados de agosto e corroborou a importância da delação, alinhando-se ao diagnóstico feito por seu predecessor, o ex-tenente-coronel finalmente cedeu à pressão de seus familiares e decidiu prosseguir com a colaboração com as autoridades.
A entrada de Cid como colaborador pode trazer à tona informações cruciais sobre eventuais irregularidades ou crimes cometidos no governo Bolsonaro, aumentando a pressão sobre as figuras políticas envolvidas e potencialmente afetando o panorama eleitoral para as próximas eleições presidenciais. Resta, agora, aguardar os desdobramentos desta decisão nos próximos meses.