Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), decidiu nesta quarta-feira (2) cortar em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, que passou para R$ 13,25% ao ano. É o primeiro corte após três anos da taxa Selic, que estava estacionada em 13,75% desde agosto do ano passado.

Em comunicado após reunião, o Copom afirma que avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual em função da melhora do quadro inflacionário.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, informa o comitê.

Após essa primeira baixa, com isso o ciclo de queda com novos recuos nos meses de setembro (0,5 ponto), novembro (0,5) e dezembro (0,5), movimento que, se confirmado, levará a Selic a 11,75% ao ano na entrada de 2024.

Foi a a primeira reunião do Copom, com a participação de Gabriel Galípolo, novo diretor de Política Monetária do BC, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros: Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes.

Com a queda da inflação, que recuou em julho para 0,07%, o governo federal e setores da economia tem pressionado o Banco Central para reduzir os juros.

Segundo o IPCA-15, prévia da inflação, em julho o índide acumulava 3,19% nos últimos 12 meses, resultado abaixo do centro da meta preestabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto (de 1,75% para 4,75%).

Nesta quarta-feira, o presidente Lula voltou a criticar Roberto Campos Neto. “Acontece que esse rapaz que está no Banco Central, me parece que ele, não sei do que ele entende, mas ele não entende de Brasil e não entende de povo”, afirmou. Lula disse ainda que o Banco Central deveria ter baixado o índice ainda no primeiro semestre de 2023.

No entanto, Campos Neto tem afirmado que a decisão é técnica e que o BC foca o chamado “horizonte relevante”, que são oito meses à frente. Ao manter os juros elevados, o BC faz uso de seu principal instrumento de política monetária para reduzir a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.

Histórico

Iniciada em março de 2021, a escalada da taxa Selic até o maior patamar desde o fim de 2016 teve o objetivo de conter o avanço da inflação. No período, 12 altas seguidas resultaram na elevação dos juros básicos de 2% para 13,75% ao ano, nível atingido em agosto de 2022 e mantido até então.

O último recuo da Selic ocorreu em agosto de 2020, quando a taxa passou de 2,25% para 2% ao ano, o menor patamar da história. O nível persistiu até março de 2021, quando a alta da inflação resultou em 12 altas consecutivas dos juros básicos até o atual patamar, o maior nível dos últimos seis anos.

Entenda a Selic

A taxa básica é a mais baixa da economia e funciona como piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

A Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram em contratos de crédito são sempre superiores à Selic.

A taxa básica também é o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

G1