A Polícia Federal investiga se o tenente-coronel Mauro Cid usou um amplo esquema de fraudes de comprovantes de vacinas no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) para beneficiar sua família, Bolsonaro e seguranças do então presidente.
A suspeita da PF é que tenha sido montado no governo passado uma “fábrica” de cartões falsos para atender ao entorno de Bolsonaro, que seguia ordens do chefe, para não se vacinar.
Ou seja, Mauro Cid, preso em operação da PF, não teria recorrido pontualmente a um esquema de fraudes em Duque de Caxias, mas usado um que teria sido montado a serviço de aliados do ex-presidente.
Segundo um investigador, se as suspeitas forem confirmadas, o caso é ainda mais grave. Enquanto o governo falava publicamente contra a vacinação, agia de maneira irregular para garantir a viagem de integrantes do entorno que não tinham se vacinado contra a Covid-19.
Nesta sexta-feira (19), a mulher de Mauro Cid, Gabriela Cid, depôs à PF. Ao contrário do marido, não ficou em silêncio.
Ela admitiu o que era impossível negar, que usou um cartão de vacinação falso para entrar nos Estados Unidos, mas transferiu toda responsabilidade pela falsificação para o seu marido. A estratégia é assumir a culpa pelo uso, o que dá uma pena menor, e jogar para o marido o crime maior, da falsificação.
Agora, a expectativa da PF é saber qual será a estratégia do tenente-coronel. Os investigadores têm provas suficientes para incriminar Mauro Cid pelas falsificações — linha agora reforçada pela própria mulher dele.
Mas a dúvida é se o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro vai assumir a culpa ou dizer que cumpriu ordens do ex-presidente da República.
A PF quer ouvir de Mauro Cid quem mais no governo pode ter se beneficiado com o esquema de fraudes em Duque de Caxias e quem, do grupo de falsificadores, era a ponte com o governo. Ou se o esquema foi montado a pedido do próprio Palácio do Planalto na época de Bolsonaro.
g1