O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, durante entrevista coletiva sobre a Operação Eleições 2022 no segundo turno.

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres chegou ao Brasil na manhã deste sábado (14), após viagem aos Estados Unidos, e foi preso pela Polícia Federal. O mandado de prisão contra Torres foi decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O avião pousou por volta de 7h20 no Aeroporto Internacional de Brasília.

De acordo com apuração da analista da CNN Basília Rodrigues, Torres foi o primeiro a descer do avião e foi recebido por um delegado da Polícia Federal (PF).

Avião com Anderson Torres pousa em Brasília
Avião com Anderson Torres pousa em Brasília / CNN

Ele inicialmente foi levado diretamente do avião para o hangar da PF e, em seguida, para a Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal.

A expectativa é que Torres preste depoimento neste sábado (14), mas antes ele está reunido com sua equipe de advogados de defesa.

A defesa do ex-ministro é feita por um pool de advogados contratados por ele liderados por Rodrigo Roca, que já advogou para o ex-governador do Rio Sergio Cabral e para o senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ).

Roca também assessorou Torres na Justiça. Além dele, o ex-senador Demóstenes Torres também integra o time.

Ele será investigado devido aos ataques às sedes do Congresso, do STF e ao Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, pois era secretário de Segurança do Distrito Federal — cargo ao qual foi exonerado no mesmo dia –, responsável pela segurança da Esplanada dos Ministérios na data.

Torres é acusado de ser conivente e omisso na situação, não preparando um esquema capaz de proteger os Poderes contra os ataques, mesmo com a informação de que eles poderiam ocorrer.

 

“As omissões do Secretário de Segurança Pública e do Comandante Geral da Polícia Militar, detalhadamente narradas na representação da autoridade policial, verificadas, notadamente no que diz respeito à falta da devida preparação para os atos criminosos e terroristas anunciados, revelam a necessidade de garantia da ordem pública”, afirma Moraes na decisão que determinou a prisão de Torres.

O ministro do STF também ressalta a entrada de 100 ônibus fretados em Brasília “sem qualquer acompanhamento policial, mesmo sendo fato notório que praticariam atos violentos e antidemocráticos”.

Ainda no domingo (8), a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao STF a prisão do ex-secretário, conforme revelou o analista de Política da CNN Caio Junqueira.

Próximos passos

Segundo apuração da CNN junto a fontes da PF, Anderson Torres deve seguir para uma delegacia da corporação no aeroporto. Lá, pode ser ouvido ou se manter calado.

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro / Vinícius de Melo/VGDF

Em seguida, o ex-ministro deve passar por avaliação médica — exame de corpo de delito, como manda a lei antes do encaminhamento à prisão.

O procedimento deve ser realizado no Instituto de Medicina Legal (IML) da Polícia Civil ou em dependências da própria Polícia Federal.

Então, Torres seguirá para a carceragem. Não está confirmado para qual prédio da PF ele será encaminhado após o exame.

A PF conta com dois prédios em Brasília: o da Superintendência, no Setor de Polícia, e a Sede administrativa, perto do Setor Hoteleiro Norte, na região central da cidade.

Por ser delegado federal e ter ocupado os cargos de ministro da Justiça e Secretário de Segurança Pública, não ficará no mesmo local onde estão os presos comuns. O objetivo é proteger sua integridade.

“Sabotagem”

Em entrevista à CNN na terça-feira (10), o interventor federal na segurança pública do DF, Ricardo Cappelli, acusou o ex-secretário de sabotar a segurança da capital federal nos atos criminosos. Ele teria alterado todo o comando da secretaria e viajado para fora do Brasil.

“Houve uma operação estruturada de sabotagem comandada pelo ex-ministro bolsonarista Anderson Torres. Ele montou a sabotagem e fugiu do Brasil”, disse Cappelli.

O interventor explicou que agora serão apuradas as responsabilidades. “Há farto material para identificar não só a conduta dos manifestantes, mas também a conduta daqueles que, como agentes da lei, não cumpriram o seu papel”, afirmou.

Fonte: CNN Brasil