Consagrado mundialmente como o “rei do futebol”, o ex-jogador Pelé, de 82 anos, morreu nesta quinta-feira (29/12) depois de enfrentar uma longa batalha contra o câncer desde 2012, quando fez a retirada de um tumor do intestino. 

Em janeiro de 2022, o ídolo do futebol foi diagnosticado pelos médicos com início de câncer em metástase, ou seja, quando a doença já se espalhou para os outros órgãos do corpo. De acordo com os médicos, o tumor primário no intestino se expandiu para o fígado e o pulmão do craque. Apesar do quadro clínico, Pelé passou diversas intervenções cirúrgicas e tratamento através da quimioterapia.

CONHEÇA A TRAJETÓRIA DE PELÉ

Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, é um ex-esportista brasileiro, considerado o maior jogador da história do futebol, personalidade mundial do esporte e popularmente chamado de Rei do Futebol. Nasceu na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, no dia 23 de outubro de 1940. É filho de João Ramos do Nascimento (também ex-jogador de futebol, conhecido como Dondinho) e Celeste Arantes do Nascimento.

Aos quatro anos de idade, Edson e sua família mudaram-se para Bauru, em São Paulo. Nessa época, ele era chamado de Dico pela família e de Edson pelos amigos. Influenciado pelo pai, Dico sempre foi fã de futebol e logo começou a fazer parte dos times de garotos que jogavam nas ruas de Bauru. Ele gostava de atuar no gol, inspirado no goleiro José Lino da Conceição Faustino, o Bilé, amigo de time de seu pai, o Vasco de São Lourenço (Minas Gerais).

Estreia

Em 1957, aos 16 anos, o então jovem atacante do Santos foi convocado para disputar a Copa Roca, um tradicional torneio amistoso entre Brasil e Argentina, no Maracanã. Era a primeira vez dele com o escrete canarinho.

O técnico Sylvio Pirillo foi o responsável por oportunizar Pelé, que entrou em campo aos 20 minutos do segundo tempo. Bastaram apenas 11′ em jogo para que a estrela do garoto brilhasse. Apesar do gol do mineiro, a Argentina venceu a partida por 2 a 1.

No segundo jogo da finalíssima, disputada três dias depois no Pacaembu, a Seleção Brasileira venceu a Argentina por 2 a 0, com mais um gol de Pelé, e se consagrou campeã da Copa Roca de 1957, o primeiro título do ‘Rei do Futebol’ pelo escrete canarinho.

Copa de 1958

Um ano depois, Pelé conquistou com a Seleção Brasileira a primeira Copa do Mundo. Embora com muitos craques (Didi, Pelé, Garrincha, Nilton Santos, Djalma Santos, Vavá), a equipe nacional carregava um peso simbólico: o complexo de vira-lata.

A expressão foi criada pelo cronista Nelson Rodrigues para designar uma posição de inferioridade em que o Brasil se colocou em face do resto do mundo. O termo tem origem após a derrota na final da Copa do Mundo de 1950 para o Uruguai, no Maracanã.

Foi Pelé e companhia que acabaram com esse vira-latismo. Aos 17 anos, o mineiro foi decisivo ao marcar seis gols na Copa da Suécia. Ele começou o Mundial no banco, mas ganhou a posição no terceiro jogo.

O craque mineiro marcou em todos os jogos eliminatórios daquela competição. Fez o gol solitário do 1 a 0 contra País de Gales, balançou as redes três vezes contra a França na goleada por 5 a 2 e marcou dois na vitória sobre a Suécia, por 5 a 2, na final da Copa.

Copa de 1962

Pelé e Garrincha eram as esperanças do Brasil para o bicampeonato mundial no Chile, em 1962. A campanha começou com o mineiro de Três Corações brilhando ao marcar um dos gols da vitória brasileira sobre o México, por 2 a 0.

Pelé jogou apenas 27 minutos da partida contra Tchecoslováquia. Em um lance, ele sentiu distensão do músculo adutor da coxa esquerda e não conseguiu se recuperar a tempo de voltar à competição.

Amarildo foi o substituto de Pelé e entrou bem. Ao todo, marcou três gols na Copa. Autor de quatro tentos e dribles geniais, Garrincha foi eleito o melhor jogador daquele Mundial. Vavá, Zito, Zagallo e Djalma Santos foram outros expoentes da conquista do segundo Mundial brasileiro.

Copa de 1970

A equipe brasileira que representou o Brasil na Copa do Mundo de 1970 é reconhecida até os dias de hoje como a melhor da história. E Pelé foi o símbolo principal de uma geração de craques (Carlos Alberto, Rivellino, Gérson, Jairzinho e Tostão, entre outros).

Antes da Copa do Mundo do México, Pelé já havia avisado que aquele seria o seu último Mundial. Embora com apenas 29 anos, ele era o único remanescente do time bicampeão mundial em 1958 e 1962.

O craque fez da sua despedida o que estava acostumado: gols e lances geniais. Pelé foi titular em todos os jogos da Seleção Brasileira, marcou quatro gols, contribuiu com seis assistências e foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo.

A Copa de 1970 também ficou marcada pelos lances geniais de Pelé. No jogo contra a Tchecoslováquia, na fase de grupos, ele arriscou um chute do meio-campo e por pouco não marcou um golaço.

Diante da Inglaterra (1 a 0), o ‘Rei do Futebol’ deu uma cabeçada para baixo, defendida de forma espetacular pelo goleiro Gordon Banks. No duelo contra o Uruguai (3 a 1), na semifinal, o craque aplicou um drible de corpo no goleiro Mazurkiewicz, mas errou a finalização. Essas jogadas são lembradas até hoje.

A despedida

Com apenas 31 anos, Pelé resolveu se despedir da Seleção Brasileira. Diante de um Maracanã lotado, com 138.575 pessoas, o Rei entrou em campo pela última vez em amistoso contra a Iugoslávia, no dia 18 de julho.

O jogo festivo terminou em um empate por 2 a 2. Pelé jogou bem, mas não balançou as redes. Gérson e Rivellino marcaram os tentos brasileiros. Dzajic e Jerkovic balançaram as redes para os iugoslavos.

Pelé deixou o campo e deu uma volta olímpica no Maracanã. Ele foi às lágrimas. Mesmo com 33 anos, preferiu não disputar a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. Sem Pelé, o Brasil só voltaria a conquistar um Mundial em 1994.