A Pfizer entregou nesta quinta-feira (27), ao Ministério da Saúde o primeiro lote de sua vacina pediátrica contra Covid-19. O voo com origem de Puurs, na Bélgica, pousou às 5h04 no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, com 1 milhão de doses do imunizante, cujo uso foi aprovado em setembro pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para a população de 6 meses a 4 anos.
As doses fazem parte de um aditivo ao terceiro contrato do ministério com a empresa. O acordo prevê 100 milhões de vacinas para o país ao longo de 2022, incluindo versões para diferentes faixas etárias e a possibilidade de fornecimento de versões modificadas do imunizante.
A princípio, o imunizante deverá ser aplicado em crianças com comorbidades e ainda não foi divulgado o calendário de vacinação para o restante da população nessa faixa etária.
Segundo o ministério, a remessa passará por análise do INCQS (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde), nos próximos dias para avaliação e controle de qualidade, e as orientações sobre aplicação, público-alvo e distribuição por estados serão publicadas em nota técnica a partir da próxima segunda (31).
De acordo com a Anvisa, a vacina deverá ser aplicada em três doses de 0,2 mL (equivalente a 3 microgramas) e, para diferenciá-la dos demais imunizantes, seus frascos terão tampa de cor vinho. Para crianças de 5 a 11 anos, a tampa é laranja e, para o público acima de 12 anos, roxa.
O uso de diferentes cores de tampa é uma estratégia para evitar erros de administração, pois o produto requer diferentes dosagens conforme a idade das crianças. Isso facilita a identificação pelas equipes de vacinação e, também, pelos responsáveis pelos pequenos.
A vacinação do público infantil tem sido alvo de preocupação. A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados pediu ao Ministério Público Federal (MPF) que investigue o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por lentidão e falta de transparência no processo de imunização das crianças entre seis meses e quatro anos de idade.
Para os deputados do PSOL que assinam a representação enviada à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, vinculada ao MPF, o ministro da Saúde pode estar se omitindo “para propositadamente não dar início à aplicação das vacinas em escala nacional” e violando artigo da Constituição que trata a saúde como direito de todos.
Na última sexta (21), o ministro negou haver atraso. “Não tem atraso nenhum, absolutamente nem um segundo”, disse durante evento em São Paulo.
No Brasil, 1.508 crianças menores de cinco anos morreram por causa da Covid-19 em 2020 e 2021. Com isso, em dois anos, as mortes pela doença representaram mais do que o triplo das causadas, em uma década, por outras 14 doenças que podem ter mortalidade evitada por vacinação e outras ações de saúde.
Apenas neste ano, até 8 de outubro, levantamento do Ministério da Saúde indicou a morte por Covid-19 de 270 crianças de um ano de idade e de 187 entre 1 e 5 anos. No período, houve 12.563 hospitalizações pela doença em crianças de até cinco anos, uma média de 44,8 por dia, segundo o Observa Infância, projeto ligado à Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Fonte: Folhapress