O presidente Jair Bolsonaro (PL) atribuiu a um ex-cunhado não nomeado metade das compras de imóveis em dinheiro vivo realizadas por ele e por sua família nos últimos 32 anos.
O mandatário disse que não encontra o ex-parente “há um tempão” e tentou se eximir de responsabilidade pelas negociações em espécie. Reportagem do UOL apontou que, desde 1990, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, 51 dos quais adquiridos total ou parcialmente com dinheiro vivo.
À Jovem Pan, nesta quinta (1º), o presidente disse que a informação é uma tentativa de desgastá-lo. “Por que faz isso em cima da minha família? Metade dos imóveis é de ex-cunhado meu. O que tenho a ver com ex-cunhado?”, disse. “Busca uma maneira, 30 dias antes [da eleição], um levantamento feito pela Folha, que não tem qualquer credibilidade, me acusar disso. Bota minha mãe, que já faleceu, nesse rol também.”
Apenas um trecho da entrevista foi veiculado pela emissora. A previsão é que a íntegra seja transmitida na segunda (5). Apesar da afirmação de Bolsonaro, a reportagem, na verdade, foi publicada pelo UOL.
Segundo a apuração do portal de notícias, a declaração do presidente não condiz com o levantamento realizado, uma vez que só oito dos 51 imóveis listados foram comprados por esse braço da família.
Na terça (30), Bolsonaro já havia minimizado a reportagem. “Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel? Não sei o que está escrito na matéria…”, disse ele, após participar de sabatina em Brasília. A afirmação, porém, representa uma mudança de discurso do mandatário. Há quatro anos, em entrevista à Folha de S.Paulo sobre sua evolução patrimonial, descartou ter usado dinheiro vivo nas transações.
“Levar em dinheiro e pagar? Geralmente é DOC. Levar em dinheiro não é o caso. Pode ser roubado. Tira do banco direto e manda para lá. Eu não guardo dinheiro no colchão em casa”, afirmou em janeiro de 2018.
Na ocasião, Bolsonaro também ironizou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que havia declarado na eleição de 2014 possuir R$ 152 mil em espécie.
Fonte: Folhapress (MATHEUS TEIXEIRA)