O infectologista Kelsen Dantas Eulálio informou ao Cidadeverde.com que o Piauí é o estado com maior incidência da “doença do tatu”, com registro de mais de 300 casos.
Na cidade de Simões ( a 440 km de Teresina) foi registro três casos provocados pelo fungo coccidioides, popularmente conhecida como “doença do tatu”. Um jovem de 16 anos morreu e dois foram contaminados durante caçada em serra da cidade. Um deles – de 22 anos – está internado em uma semi-UTI no Hospital Justino Luz, em Picos.
Kelsen Eulálio – que fez doutorado sobre a “doença do tatu” e é estudioso sobre coccidioidomicose – esclarece que o Piauí não tem registro de paracoccidioidomicose como foi divulgado inicialmente pela Secretaria Municipal de Simões.
“A coccidioidomicose e paracoccidioidomicose se assemelham nos sintomas, mas o fungo coccidioides vive em áreas secas, desérticas, já o fungo paracoccidioides é encontrado em áreas úmidas”, explica.
Ele explica que no caso do fungo presente no Piauí, o hospedeiro pode ser o tatu, o macaco, o cão, bois, suínos, caprinos e outros hospedeiros.
Segundo ele, além do Piauí, o fungo Coccidioides posadasii já provocou infecção nos estados do Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia.
“Desde de 1991 o Piauí já registrou mais de 300 casos de coccidioidomicose. A doença tem peculiaridades como pequenos surtos. Mais de 40 micro epidemias já foram registradas no estado nas mais variadas situações, desde em caçadores de tatus, trabalhadores de lavouras, inalando poeiras em casas e outras situações”, disse o infectologista.
Segundo especialistas, há dois fungos que guardam certa semelhança no nome, mas que atingem áreas bem distintas do país e causam apresentações clínicas absolutamente diversas.
O paracoccidioides brasiliensis é mais prevalente em locais úmidos e causa a paracoccidioidomicose (uma doença de caráter mais sistêmico e crônico). Já o coccidioides é mais característico de climas secos e quentes como o do Piauí e causa a coccidioidomicose (doença pulmonar de caráter mais agudo, considerável letalidade e associada à caça do tatu).
“É uma doença que não passa de pessoa para pessoa, e nem do tatu para homem. O tatu é inocente, os fungos estão no solo e vários animais em contato com a terra viram hospedeiros”, informou o infectologista.
Segundo Kelsen Eulálio, o paracoccidioidomicose é a micose que ocorre com mais frequência na América Latina, mas é raro no Nordeste.
“O coccidioides immitis predomina na California e espécie posadasii predominante no resto dos Estados Unidos e é endêmico em todos os países do continente americano”, informou.
Sintomas
As pessoas que são contaminadas pelo fungo podem apresentar:
Tosse seca
Febre
Dor torácica
Dor nas articulações
Dificuldade de respiração
Nódulos, manchas ou bolhas na pele
Fonte: Cidade Verde