A mãe que denunciou um professor de uma escola da rede municipal, localizada no bairro Angelim, zona Sul de Teresina, por estupro e violência física contra o seu filho, reclama da falta de assistência dos ógãos públicos à criança e a família após prestar queixa do caso à polícia.
O Cidadeverde.com esteve na residência da família, uma casa de poucos cômodos, na tarde desta sexta-feira (22). A entrevista aconteceu momentos antes da visita de uma equipe do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).
Segundo a mãe, uma dona de casa desempregada que sobrevive apenas com a aposentadoria do marido, com quem reside com dois filhos, a equipe do CRAS só foi até o local após a repercussão do caso na imprensa local.
“Vieram hoje porque foi divulgado nas TVs. Só hoje eles vieram me procurar. Mas no começo nem o colégio nem a Semec [Secretaria Municipal de Educação] vieram”, contou a senhora, preocupada com a situação do filho.
Na quinta-feira (21) ela já havia relatado ao Cidadeverde.com que, após relatar as agressões e abusos que teriam sido praticados pelo professor nas dependências do estabelecimento de ensino, a criança pediu para trocar de escola.
“Ele está agitado, não gosta muito de falar. Ele não quer ir mais para o colégio. Hoje as assistentes sociais disseram que vão dar assistência psicológica para ele, procurar um outro colégio para ele estudar”, disse a dona de casa.
Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
A suspeita
As violências físicas e sexuais teriam acontecido no último dia 25 de março, quando a criança ainda tinha apenas oito anos de idade. A mãe conta que naquela ocasião notou a mudança de comportamento do filho ao retornar da escola.
“Nesse dia ele já veio do colégio calado, triste, sem falar. Só tirou o tênis e deitou e ficou calado durante três dias. Não comia mais, não queria saber de nada, só ficar deitado e dormindo”, lembrou a matriarca.
“Ele tampava a boquinha, não falava muito. Eu via o machucado na boca mas pensava que era briguinha de colégio. Numa noite ele disse que o bumbum estava doendo, foi quando percebi que ele tinha sido violentado”, completou a mãe.
Ainda assim, a criança só confirmou ter sofrido violência física e sexual para uma irmã, que não mora com a família. Segundo a mãe, além de receio de eventuais reclamações dos pais, o filho sofria uma série de ameaças por parte do professor.
“Ele confessou pra irmã, pois ele tava com medo de falar para gente pensando que íamos brigar com ele. O professor falava que se ele contasse para mim ou para o pai iria fazer maldade comigo, me matar. Por isso ele não me falou, ficou com medo”, enfatizou.
Logo após a criança revelar as agressões, a família registrou boletim de ocorrência contra o professor na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que solicitou um exame de corpo e delito e segue investigando o caso.
A escola
Assim que o caso veio a público, a Semec emitiu uma nota comunicando o afastamento do professor e anunciando que estava tomando todas as medidas cabíveis para apurar a denúncia contra o educador. Confira o comunicado na íntegra:
Nota
A Semec informa que já tomou todas as providências cabíveis, dentre elas afastando o professor investigado e resguardando os demais docentes e discentes, bem como à família.
Qualquer outra informação sobre o inquérito deve ser com o DPCA.
A família da criança, no entanto, contesta a informação dada pela secretaria. Segundo a mãe, nem o órgão nem a escola tomaram providências em relação ao professor, mesmo após serem alertados sobre toda a situação.
“Ele [a criança] contou para uma professora, que não fez nada. Só disse que ia conversar com o professor. Até agora a escola não disse nada pra mim, não deu nenhum suporte para a gente”, reclamou a mulher.
Revoltada com a condição em que o filho se encontra hoje, a mãe cobra uma punição ao suspeito agressor. “Quero justiça, que ele vá preso, mas até agora eu não vejo resposta. Ele tá solto ainda, ninguém sabe nada dele”, finalizou.
Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
Breno Moreno
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