O Brasil teve no ano passado 145 casos de violência não letal contra profissionais da imprensa e veículos de comunicação, o que representa uma média de 2,7 casos por semana ao longo de 2021.
A informação consta no relatório anual “Violações à Liberdade de Expressão”, elaborado pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) e divulgado nesta terça-feira (22).
O documento apontou também que o número de profissionais da imprensa e veículos de comunicação que foram alvo dos registros de violência não letal cresceu 21,69% em relação a 2020, foram 230 em 2021 e 189 no ano anterior. Já em relação ao número total de casos registrados houve uma queda, foram145 em 2021 e 150 no ano anterior.
Violações às liberdades de imprensa e de expressão no Brasil em 2021
Violência não letal | Número de casos | Número de vítimas |
Ofensas | 53 | 89 |
Agressões | 34 | 61 |
Intimidações | 26 | 43 |
Ameaças | 12 | 15 |
Atentados | 8 | 8 |
Injúrias | 6 | 8 |
Ataques/Vandalismo | 4 | 4 |
Censuras | 1 | 1 |
Roubos/Furtos | 1 | 1 |
Total | 145 | 230 |
Ainda, segundo os dados divulgados pela Abert, o número de atendados contra jornalistas dobrou em 2021 em relação ao ano anterior, passando de 4 para 8. Ainda, segundo a associação, em 50% dos casos foram utilizadas armas de fogo contra os profissionais da imprensa.
Mortes de jornalistas
Com relação a registros de assassinatos de jornalistas, 2021 foi o segundo ano em que não foram registradas ocorrências desde que o relatório começou a ser elaborado pela Abert, em 2012. A primeira vez que isso aconteceu foi em 2019.
Todavia, a associação ressaltou que ano passado o radialista Weverton Rabelo Fróes foi assassinado. Segundo a Abert, o crime não foi computado no relatório, pois ainda está sendo investigado.
O estudo aponta que, de acordo com um relatório da Pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), 55 profissionais de imprensa foram assassinados no mundo em 2021.
Zona Vermelha
O documento elaborado pela Abert também traz informações do Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa da organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF).
A organização estuda o nível de liberdade de expressão em 180 países e os separa em cinco cores, são elas: branca (muito boa), amarela (boa), laranja (problemática), vermelha (difícil) e preta (muito grave).
De acordo com o levantamento, em 2021, pela primeira vez em 20 anos, o Brasil entrou na zona vermelha do ranking e ficou na 111ª posição. Os primeiros colocados são: Noruega, Finlândia, Suécia e Dinamarca.
“No Brasil, infelizmente, tivemos um dado vergonhoso. Pela primeira vez em 20 anos, o país entrou na zona vermelha do ranking mundial de liberdade de imprensa. Foi o quarto ano consecutivo de queda e, desta vez, o Brasil perdeu 4 posições no rol, passando da colocação de 107 para 111. Desde 2002, quando o ranking começou a ser publicado, esta é a pior posição do Brasil. A classificação mostra que, nesses países, o trabalho do jornalista é considerado mais difícil. O cenário brasileiro é mais uma vez bastante preocupante”, afirmou Flávio Lara Resende, presidente da Abert.