As comemorações de fim de ano estão chegando e com elas vem a tão famosa queima de fogos de artifício, se para nós seres humanos não passa de um ritual e festa, para os animais o barulho dos fogos pode ter consequências irreversíveis e até fatais. O médico veterinário Jefferson Luís explica que os fogos de artifício geram grandes estrondos e que a maioria dos animais tem os sentidos mais aguçados que o ser humano. “Então durante a explosão de um rojão, o cachorro que tem uma audição superior à do ser humano gera para ele a sensação de que algo grande está chegando e o barulho se torna muito mais alto gerando medo e estresse”.

O barulho gera picos de estresse altíssimos e medo, justamente neste momento de medo que podem acontecer acidentes, ferimentos, mutilações, convulsões, traumas permanentes e até o óbito do animal. “O animal fica com sentimento de que algo grande está chegando e por ele não saber o que está se aproximando, ele sempre vai entrar no modo fuga, querendo fugir e se esconder”, conclui Jefferson.

Médico veterinário Jefferson Luís- Arquivo pessoal

Na hora da fuga os animais podem sofrer acidentes ou mutilações, mas não só a parte física é prejudicada, traumas psicológicos podem ser gerados a partir do estresse podendo inclusive mudar a personalidade do animal. “Um animal manso pode se tornar arredio, um animal acessível pode se tornar um animal que não queira mais aproximação, portanto, os danos psicológicos são os mais prejudiciais porque podem durar um longo prazo ou até permanentemente.”

Além de prejudicar cães e gatos, o veterinário pontua que equinos, bovinos e até animais silvestres podem sofrer com as consequências do barulho dos fogos. Foi o que aconteceu em Teresina na Exposição Agropecuária do Piauí, Expoapi na última quarta-feira, 08 de dezembro. Durante o evento o uso de fogos de artifício assustou vários animais que participavam da feira, cerca de 10 cavalos fugiram e invadiram a BR-343, alguns equinos foram atropelados, um deles morreu e outro ficou gravemente ferido. Os fogos foram utilizados pelos integrantes da banda do cantor Anderson Rodrigues.

É interessante lembrar que no no dia 26 de novembro deste ano, o governador Wellington Dias sancionou a lei de nº 7.643 que proíbe o manuseio, utilização, queima e soltura de fogos de estampidos e de artifícios que possuem efeito sonoro ruidoso no Piauí. A medida afeta eventos como o réveillon, autorizando o uso apenas em eventos religiosos. Ficam permitidos fogos que não fazem barulho e possuem apenas o efeito visual.

“Essa lei não engloba só a saúde dos animais, mas também a de crianças e idosos, então a lei protege a saúde mental desses grupos e e acredito que é de fundamental importância, tem também pessoas com algumas difidências que sofrem com isso, eu já presenciei isso e é bem agoniante”, acrescenta Jefferson Luís.

Relato de casos

Jefferson relata dois casos que chegaram até seu consultório por conta de rojões. “Já atendi dois casos de cachorros com traumatismo pós fogos, um deles passou o trauma, mas o outro ficou de maneira permanente. Ele não mais aceita o dono, se tornou muito agressivo, não confia mais em ninguém. O pico de estresse foi muito alto e as circunstâncias que ele se encontrava agravou muito esse problema porque ele estava preso e sozinho sendo exposto a esse estresse, então o cachorro teve uma mudança permanente no seu comportamento e personalidade”.

Como proteger seu animal? 

O veterinário  informa que em caso do dono do animal saber antecipadamente que haverá de queima de fogos na sua região o ideal é que o animal seja retirado do foco do barulho para um local o mais distante possível, outra dica é não deixá-lo sozinho e amarrados, é fundamental estar ao lado do animal para que passe uma sensação de segurança a ele. “Se ele estiver no quintal, coloque-o para dentro de casa junto com você e tranque as portas e janelas para tentar manter o ambiente o mais seguro possível, fique ao lado dele demonstrando segurança porque o pet é muito ligado ao dono, então ele sente muito o que o dono sente também.

Para animais de porte maior e não domésticos é essencial que os seus cuidadores estejam atentos e presentes para qualquer emergência, acidente ou fuga ter como intervir.

O veterinário finaliza com um apelo: “A gente sabe que que no final de ano todo mundo quer se divertir, estar com a família, quer demonstrar sua alegria através de fogos, mas a gente tem que pensar e ter o bom senso, portanto eu peço a todos os oeirenses e às pessoas que estão lendo essa matéria, que tenham o bom senso, que entendam a parte do próximo, que entendam a situação dos animais, nem todo animal poderá ter essa assistência, as crianças também, então a mensagem que fica é: que permaneça o bom senso, pense mais no próximo, esse ano devemos nos unir e fazer a mudança, estamos no meio de uma pandemia, quanto menos problemas relacionados podermos causar, melhor e mais fácil vamos sair desse problema maior que é a pandemia”.

Por Sheron Weide

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