Nasal spray dispenser held by a human hand gloved with medical gloves

Inédita, a vacina contra a covid-19 administrada por spray nasal do Instituto do Coração (Incor) pretende ser opção de dose de reforço. Após bons resultados com camundongos, é hora da testagem em humanos. A execução das duas primeiras fases de estudos clínicos depende da aprovação dos documentos submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na quinta. Coordenador da pesquisa, Jorge Elias Kalil Filho acredita que os testes devem começar em janeiro do próximo ano, apenas com pacientes já imunizados.

Em um cenário de avanço da vacinação, Kalil avalia que o imunizante intranasal será “um sucesso”, pois, caso se mostre eficaz ao final das fases clínicas, a previsão é de que ataque a transmissão do coronavírus. “O grande problema das vacinas atuais é que impedem a doença grave, mas o paciente ainda pode ser infectado e transmitir. Queremos evitar a infecção do nariz, ‘pegamos o comecinho'”, explica o chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e professor da Faculdade de Medicina da USP.

Outra vantagem do imunizante é que, conforme Kalil, com algumas adaptações da indústria nacional será possível produzir o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) do imunizante no Brasil. Com os imunizantes aprovados e ministrados até agora, o País depende da importação do IFA, o que chegou a atrasar a chegada e produção de vacinas. “A resposta dos animais foi fantástica”, conta Kalil sobre as fases pré-clínicas do estudo. A experimentação em camundongos, conforme o pesquisador, resultou em altos níveis de anticorpos de memória (IgG) e daqueles encontrados nas mucosas (IgA), como também boa resposta celular protetora.

O imunizante desenvolvido pelo Incor está ligado também a outros setores da USP, ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) e à Faculdade de Ciências Farmacêuticas; bem como conta com a parceria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Fiocruz.

Passo seguinte

As primeiras fases de estudo clínico contarão com 280 participantes, todos já imunizados com a vacina da AstraZeneca. Serão sete grupos analisados: um deles recebe o placebo e outros diferentes doses do imunizante, 30, 60 ou 120 microgramas. Com duração de três meses, as fases 1 e 2 devem ser encerradas no primeiro semestre.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.