A Polícia Civil está investigando a denúncia feita pela família de uma bebê de seis meses que teria sido vítima de um erro após uma cirurgia no Hospital Tibério Nunes, em Floriano, Sul do Piauí. Segundo a nota do hospital, parte de um cateter para administração de medicamentos ficou no corpo da criança e foi retirado somente após uma nova cirurgia.
De acordo com a Polícia Civil do Piauí, a família da criança registrou um Boletim de Ocorrência e o caso está sendo investigado, em segredo de Justiça. O hospital informou que afastou do cargo a enfermeira responsável pelo procedimento.
Segundo familiares da criança, a menina foi encaminhada ao hospital para um procedimento cirúrgico de desobstrução do intestino. A cirurgia foi bem sucedida e, na última segunda-feira (13), a bebê recebeu alta do hospital.
No entanto, durante o processo de retirada do cateter, a enfermeira teria procedido de maneira errada. O objeto estava posicionado em um vaso sanguíneo próximo ao pescoço, com o intuito de facilitar a administração da medicação na paciente, durante a cirurgia.
Conforme o Hospital, para remover o instrumento, é necessário realizar um pequeno corte para retirar os pontos cirúrgicos e, em seguida, o cateter. Contudo, no momento do procedimento, a enfermeira teria cortado o objeto e uma parte foi retirada, outra não.
Por meio de nota, o Hospital Tibério Nunes informou que a criança recebeu todos os atendimentos necessários e, imediatamente, foi encaminhada para o centro cirúrgico. Porém, o cateter já estava em um local mais profundo do organismo e eram necessários aparelhos especiais para a retirada.
Para que o objeto não se movimentasse dentro do corpo, a bebê precisou ser intubada. E na tarde de segunda (13), foi encaminhada para o Hospital Infantil Lucídio Portela, em Teresina, para a realização de uma nova cirurgia.
Na capital, o aparelho disponível, entretanto, era indicado apenas para pessoas adultas. O aparelho adequado, então, precisou ser encomendado no estado vizinho, Ceará.
Na quinta-feira (16), a cirurgia foi realizada no Hospital Getúlio Vargas, em Teresina, e a bebê foi transferida e permanece internada no Hospital Infantil Lucídio Portela. O estado de saúde da criança é estável.
Nota oficial do hospital
A paciente Y. L. S. S., 6 meses, deu entrada no Hospital Regional Tibério Nunes, sendo submetida a laparotomia exploradora com necessidade de retirada e reconstrução de parte do intestino por obstrução intestinal no dia 06/09/2021. Em condições de alta e já com funcionamento intestinal adequado, no dia 13/09/2021, conforme procedimentos padrão de alta pela enfermagem de retirada de cateter venoso central em veia subclávia houve ruptura do cateter com consequente retenção de parte do dispositivo no sistema venoso (embolização), sendo prontamente tomadas todas as medidas necessárias pela equipe com múltiplos especialistas (pediatras, cirurgião pediátrico, cirurgião vascular) que indicaram a necessidade de intervenção hemodinâmica para a adequada retirada do cateter.
Enquanto a lactente permaneceu sendo continuamente assistida pela equipe médica pediátrica sob monitorização e cuidados intensivos em sala de centro cirúrgico, as coordenações médicas (NIR e Pediatria) procederam à logística de solicitação de leito de UTI Pediátrica com suporte especializado de serviço hemodinâmico (que este Hospital não dispõe) e transporte inter-hospitalar – o mesmo aconteceu rapidamente, em poucas horas após o evento, em ambulância com suporte intensivo e equipe multidisciplinar completa.
A paciente, desde o início da noite de ontem quando chegou ao hospital de destino e até o momento da divulgação desta nota, encontra-se clinicamente e hemodinamicamente estável, em leito de UTI Pediátrica no Hospital Infantil Lucídio Portela (Teresina / PI), aguardando procedimento de intervenção hemodinâmica, em data já agendada.
A enfermeira plantonista foi imediatamente, e preventivamente, afastada da assistência para apuração das circunstâncias e a direção do hospital segue tomando todas as medidas necessárias em relação ao caso.
G1 Piauí