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Reajuste do salário do comerciário de Picos continua sem definição

O reajuste do salário do comerciário em Picos continua sem definição após as negociações entre os sindicados que representam a classe patronal e laboral não avançarem.

O Sindicato dos Trabalhadores no Comércio e Serviços de Picos (Sintracs) está em uma batalha com o sindicato que representa a classe empresarial para conseguir fechar a porcentagem do reajuste salarial do comerciário. Em cidades como Teresina, Parnaíba e Campo Maior, as partes já chegaram a um acordo. Em Picos a discussão não avançou e o impasse pode ser judicializado.

O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado do Piauí, Tertulino Passos, em entrevista exclusiva ao Portal Grande Picos, afirmou que em meio à crise econômica agravada pela pandemia do novo coronavírus, é necessário ter cautela ao se falar em reajuste, segundo ele, o comércio ainda precisa de tempo para se reestruturar.

Presidente do Sindilojas-PI, Tertulino Passos (Foto: Daniela Meneses)

“Em Picos as negociações foram suspensas. Nós estávamos negociando, apresentamos algumas propostas, mas infelizmente o sindicato saiu da mesa de negociação e agora nós estamos esperando que ele retorne à mesa de negociações para que a gente volte a conversar sobre o reajuste salarial. As propostas que foram apresentadas estavam além da realidade do momento que estamos vivendo”, disse Tertulino.

O representante do Sindilojas-PI destacou também que neste momento é mais importante pensar em manter o trabalhador empregado do que acompanhar os índices da inflação ao reajustar o valor salarial.

“É um momento atípico e nós temos que pensar nos empregos e não em relação ao salário em si. Qualquer aumento no salário hoje fica inviável para que o empregador possa fazer o pagamento, por isso as convenções coletivas estão sendo realizadas, inclusive com valores menores, para que quando voltarmos à normalidade, às vendas, possamos fazer o reajuste”, acrescentou.

Sintracs

Segundo o advogado que presenta o Sintracs, Giovane Madeira, a proposta ofertada para Picos é abaixo da inflação e por isso não foi aceita. Ele comenta ainda que outros municípios com arrecadação menor que Picos, obteve um reajuste superior ao que foi ofertado para o Município Modelo.

Giovane Madeira – Foto: Daniela Meneses

A proposta inicialmente apresentada pelo Sintracs foi de 8% de aumento, o Sindilojas ofereceu 3%, mas segundo Giovane Madeira, a entidade patronal quer finalizar o reajuste de apenas 2%.

“As negociações começaram em patamar de 3% por parte do patronal, o laboral pediu 8%. Nós, da classe laboral, sensíveis às dificuldades, a gente sabe que o país passa por problemas de todas as ordens, uma crise econômica sem precedentes, e nós resolvemos ceder, baixamos o nosso pedido apenas para a inflação, que era de 5,26%, depois foi revista para 5,45%. Nas conversas informais que tivemos, as propostas eram de 3%. E chegou-se a ventilar um possível 4% […]. E nós saímos da mesa de negociação, não por falta de educação, não por vontade, mas porque fomos, de certa forma, obrigados, porque já tendo sido ventilado 4%, depois oferecido 3%, e na rodada de negociação, vir oferecer 2%, e nós vimos que era uma falta de respeito”, explicou o advogado.

Giovane Madeira afirmou que caso não haja acordo entre as partes, o Sintracs pode judicializar o debate.

“Devido à essa falta de conversa, à essa proposta indecorosa de 2%, regredindo do que nós já tínhamos, diante do impasse vamos acabar judicializando, porque não necessariamente precise de uma sentença, na justiça também há possibilidade de negociação, só que tem um diferencial, se não tiver consenso, aí o juiz julga, só que é um prejuízo para as categorias, porque à medida que se judicializa algo, você passa para terceiros a possibilidade que você tem de decidir aquele assunto”, acrescentou.

Salário de 2020

O salário do comércio de Picos em 2020 foi reajustado em 4.11% e passou a valer R$: 1.140,00.

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA 

TERTULINO PASSOS

GIOVANE MADEIRA