A Universidade Federal do Piauí (UFPI) vai ter em 2021 a maior perda dos últimos oito anos no volume de receitas para funcionamento da instituição, a chamada verba de custeio. A queda em valor nominal é R$ 14,1 milhões a menos que no ano passado, uma redução equivalente a 13,5% nos repasses gerais do Ministério da Educação para o custeio. Essa nova queda fecha um período de oito ano de perdas reais (contada a inflação), onde apenas em 2018 houve um pequeno acréscimo sem que, no entanto, superasse as perdas inflacionárias.

Conforme o Projeto de Lei Orçamentária da União, a ser votado no próximo mês pelo Congresso Nacional, os recursos para custeio da UFPI somarão R$ 90,3 milhões, contra R$ 104,4 milhões do ano passado. O Diretor de Gestão de Recursos da Pró-Reitoria de Planejamento, professor e economista Ricardo Alaggio, avalia que as possibilidades desses valores serem alterados é mínima. “Teremos que fazer grandes ajustes para manter o bom funcionamento da UFPI”, diz.

Alaggio explica que o Orçamento da UFPI tem três grandes blocos de recursos: os gastos com Pessoal, que vem “carimbado” de Brasília; os de capital (para investimentos em obras, por exemplo), que são muito variáveis e podem nem existir; e o custeio, que mantém o funcionamento e cobre despesas como diárias, segurança, limpeza e energia. É aí onde a UFPI vai receber R$ 14,1 milhões a menos, o que vai obrigar a universidade a fazer ajustes de gastos.

Perdas já chegam a oito anos seguidos

A UFPI chega, com os cortes deste ano, ao oitavo ano seguido de perdas de verbas de custeio. A redução começou com a recessão da metade da década e agora chega ao percentual mais elevado. De 2014 (quando a verba de custeio somou R$ 131,5 milhões) até 2021 (verba de R$ 90,3 milhões), as perdas representam quase um terço: exatos 31,4%. Nesse período de oito anos, somente em 2018 houve uma pequena alta no valor (R$ 200 mil a mais), porém uma elevação que sequer cobriu a inflação. Em valores reais, também foi um ano de queda.

Ricardo Alaggio observa que a UFPI já está repensando as projeções de gastos. Ele lembra que no ano passado a queda só não foi mais sentida por causa da pandemia, que levou à suspensão de atividades e redução de gastos em itens como energia. Este ano, no entanto, a previsão é de retomada gradual das atividades, com aumento das despesas. Além disso, o período de ampla inatividade a partir de março do ano passado levou à deterioração de equipamentos, o que implica agora em gastos adicionais para recuperação.
“Teremos um ano difícil: além da questão sanitária, o aperto econômico”, explica Ricardo Alaggio.

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