Um levantamento da coordenação do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes (RJ) apontou que a campanha eleitoral deste ano nas cidades brasileiras teve um político assassinado a cada três dias. De acordo com outro estudo, feito pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global, com dados coletados desde 2016, o País teve um ataque a vida de político a cada 13 dias. As agressões cresceram após as eleições de 2018.

Numa uma transmissão ao vivo pela internet, na última segunda-feira (09), o candidato a vereador por Guarulhos (SP) Ricardo de Moura (PL) foi baleado no ombro e em uma das pernas.

No dia seguinte, o candidato a prefeito Klaus Lima (PSB) de Escada (PE), a 60 quilômetros de Recife, foi alvejado no braço. No fim de outubro, Patrícia Queiroz (PSC), candidata a vice-prefeita de Belém (PA), teve a casa atingida por tiros.

Na quarta-feira (11), o carro da candidata à Prefeitura de São Vicente (SP) Solange Freitas (PSDB) foi alvo de um atentado a tiros.

No fim de outubro, Patrícia Queiroz (PSC), candidata a vice-prefeita de Belém (PA), teve a casa atingida por tiros.

Em entrevista ao site DW Brasil, o pesquisador Másimo Della Justina, mestre em Políticas Sociais e Planejamento pela London School of Economics e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), alertou que, após a eleição de 2018, tem sito mais comum o discurso de políticas fazendo da violência uma solução para a própria violência.

De acordo com o estudioso, essas pessoas passam a ideia de que oponentes são inimigos e, portanto, devem ser eliminados. “Nossa política, no geral, está usando uma linguagem de 50, 70 anos atrás, uma linguagem de direita e esquerda, uma linguagem macarthista e que gera confusão e conflito”, disse.

Professor de Marketing Político da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Emmanuel Publio Dias a “apropriação” da política por grupos criminosos organizados, como milícias e as próprias organizações criminosas clássicas. Ou seja: grupos ilegais tentam se infiltrar seja no Executivo, Legislativo ou Judiciário, o que se tem é uma espécie de Estado paralelo.

“Essa violência pode estar ligada a um aumento da participação de milícias, guerras por demarcação de territórios e outras disputas, que são novidade no cenário eleitoral”, complementou.

Segundo Juliane Bento, doutora em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e docente da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), “mobilizar violência contra políticos é atentar contra a democracia”.

“Quando a violência é resposta a desavenças de opinião, ela ofende premissa elementar de um regime político que se funda tanto na liberdade de pensamento quanto na possibilidade de competir para implementar tais ideias no Estado”, afirmou.

Fonte: Brasil 247