A Rússia anunciou que pretende dar início à produção industrial de uma vacina contra o novo coronavírus ainda em setembro deste ano. As primeiras doses podem ficar prontas em outubro, segundo Tatiana Golikova, vice-primeira-ministra do país.

De acordo com Golikova, duas vacinas criadas por cientistas russos são promissoras. Uma delas foi desenvolvida pelo Ministério Russo da Defesa e pelo Centro de Pesquisas em Epidemiologia e Microbiologia Nikolai Gamaleia. A imunização já passa por testes em humanos.

“O lançamento de sua produção industrial está previsto para setembro de 2020, após uma certificação e testes clínicos adicionais em 1.600 pessoas”, afirmou Golikova.

Uma outra vacina está sendo criada pelo Centro de Pesquisas Véktor, na Sibéria, e está na fase de testes clínicos, que devem terminar em setembro.
A agência de notícias Reuters informou nesta quarta-feira (29) que um órgão estatal de pesquisa russo, o Instituto Gamaleya, finalizou os primeiros testes de uma vacina baseada em adenovírus em humanos no início deste mês.
Uma fonte ouvida pela agência afirmou que a aprovação para a imunização do Gamaleya é esperada para as duas primeiras semanas de agosto. “Todos os resultados (do teste) são altamente positivos até agora”, disse a fonte, que não foi identificada.

O desenvolvimento de uma vacina pode levar anos e precisa passar por uma sequência de testes que comprovem a segurança e a eficácia da substância para proteger contra a doença. Os chamados testes clínicos, feitos em humanos, precisam de três diferentes fases para comprovar o bom funcionamento da imunização. Uma autorização para uso da vacina na população só vem após a conclusão dos testes clínicos.

Em regra, os desenvolvedores de vacinas publicam resultados dos testes em periódicos especializados, que contam com a revisão do conteúdo feita por outros cientistas. Nenhuma das vacinas anunciadas pela Rússia teve uma publicação do tipo até o momento.

Caso os resultados das imunizações russas se comprovem, o país pode vir a ser o primeiro do mundo a ter uma vacina aprovada contra a Covid-19.
Até a terça-feira (28), mais de 150 vacinas contra o novo coronavírus estavam em desenvolvimento em todo o mundo -cinco delas na fase mais avançada de testes, em humanos. Atualmente, testes com duas vacinas são conduzidos no Brasil: uma britânica, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca e outra chinesa, criada pelo laboratório Sinovac, que poderá ser produzida em São Paulo.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)