Maria Cazé

Perda de estoque, prejuízo financeiro e incerteza com relação a safras futuras estão entre os problemas enfrentados pelo setor da agricultura familiar em tempos de pandemia, é o que avalia a integrante da coordenação Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, Maria Casé.

A agricultura familiar é a fonte de renda de milhares de famílias piauienses, e com a pandemia, muito agricultores têm visto suas safras sendo perdidas, principalmente com o fechamento das feiras livres, principal ponto de comercialização das safras.  Os impactos decorrem ainda da suspensão de contratos de compra, fechamento de restaurantes e mudança de hábitos do consumidor durante a quarentena.

“As feiras foram fechadas, e a gente entende que isso foi importante, em alguns lugares a gente tentou conversar com os gestores para a gente modificar a estrutura da feira por um período, que era o período da colheita, da saída dos produtos da roça, mas infelizmente a gente não avançou, claro, os gestores preocupados, porque a feira para o Nordeste, para o Piauí, para a região de Picos, é quase um espaço de festa, uma celebração. A gente colocou essa preocupação de que sem a feira o nosso povo fica com a produção estocada […]. A maioria dos agricultores estão com sua produção encalhada, estocada. Em alguns lugares, inclusive, os atravessadores estão se aproveitando disso, porque, o feijão, por exemplo, os atravessadores compram escondidos e por uma miséria e muitos agricultores para não entregarem seu produto, estão com ele encalhado”, relatou

Cazé falou que uma medida tomada pelo movimento, foi a articulação de vendas através de aplicativo online e entrega dilivery, como forma de vender a produção agrícola e minimizar os prejuízos.

Além das perdas nas safras, Maria Cazé fala da preocupação com a fome que tem atingido um número maior de famílias neste período.

“O que nos preocupa são as condições que os agricultores tiveram no último período, e vão ter daqui para frente para garantir uma questão fundamental e humanitária, que é a produção de alimentos. Vendo que aqui no Piauí, só nós do MPA já distribuímos 20 toneladas de alimentos e uma boa parte na grande região de Picos. E nos preocupa muito a questão da fome que se alastra com essa pandemia e a questão, de fato, da falta de alimentos e inclusive de cuidados com saúde”, disse.

Segundo a coordenadora do MPA, foi enviado ao governador Wellington Dias, uma solicitação de inciativa por parte do Governo do Estado para assistir famílias prejudicadas economicamente pela pandemia.

“No dia 06 de abril nós entregamos para o governador Wellington Dias, uma plataforma enviada pelo campo unitário, solicitando algumas iniciativas importantes, necessárias, algumas ações políticas importantes que seria a criação de um comitê de crise com a participação da sociedade civil, a destinação de R$: 20 milhões para a aquisição de alimentos para poder ser distribuído para as famílias, a destinação dos recursos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), da merenda escolar e do transporte escolar para a aquisição de alimentos para a distribuição, coisa que é um crime, os municípios da região não estarem tratando dessa questão da alimentação escolar como ela deve ser tratada nesse momento de pandemia”, destacou.

Cazé revelou ainda que o documento solicita a suspensão da tarifa nas contas de água e luz para os mais carentes; destinação gratuita de botijão de gás, pois segundo ela, mesmo que algumas famílias recebam doações de alimentos, elas não têm como pagar pelo gás. No pedido inclui ainda a distribuição de máscaras.

A coordenadora do MPA falou ainda que no próximo domingo (31), o movimento fará a distribuição de alimentos em alguns bairros picoenses através do “Comitê Regional da Solidariedade”. Segundo ela, a medida acontece de forma emergencial, enquanto não chega nenhuma ajuda governamental.

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