Falta de ar, cansaço, fraqueza, febre, tosse, dores de cabeça e no corpo são sintomas que aparecem com mais frequência nos relatos de quem foi diagnosticado com Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, e se curou.
Além dos desconfortos físicos, estes sobreviventes ainda precisam lidar com o sofrimento causado pelo isolamento, pela ansiedade diante de uma nova doença e pelo medo de contaminar família, amigos e pessoas de grupos de risco, como idosos.
Renata Berenguer, de 30 anos, foi diagnosticada com Covid-19 — e agora, felizmente, está curada. De Recife (PE), a advogada disse ao G1 que acordou com dores na cabeça e no corpo no começo de março, quando ainda não havia confirmações da doença no estado. Achou que era uma virose, comum no pós-carnaval.
“A ficha só começou a cair quando voltava para a capital pernambucana após uma viagem a trabalho em Blumenau (SC). Quando pego o avião São Paulo/Recife, tento dormir e sinto uma sensação estranha. Puxava o ar e não vinha. Já tinha algumas pessoas de máscara, mas não imaginava. Eu nem sonhava em coronavírus, mas senti algo estranho”, lembra.
A advogada defende que seu caso é a prova de que a doença existe e pode acometer pessoas de todas as idades. Ela ainda reforça que a recomendação de isolamento social deve ser seguida à risca. “O que precisa ser feito é o isolamento. É esse gesto de amor. [Após o disgnóstico] Vim diretamente para minha casa, seguindo um protocolo de isolamento absoluto que em nenhum momento hesitei descumprir”, diz.
“As pessoas vão sentir dor de cabeça e outros sintomas achando que não é nada. A única coisa a fazer é ficar em casa. Só nos resta isso. É uma oportunidade de refletir como ser diferente, como ser uma pessoa melhor”, completa Renata.
A empresa em que Renata trabalha disponibilizou um médico infectologista para acompanhá-la. Renata, que pratica esportes desde criança e treina todos os dias, sentiu o baque de ter que ficar em casa. O medo, afirma, era um sentimento constante: de uma doença desconhecida, de mostrar fragilidade aos pais, da reação dos amigos, de que a saúde piorasse.
“Os primeiros dias foram uma das piores partes. Aquela ansiedade de você saber se tem ou não, conviver com a possibilidade de passar para as pessoas que você ama. Meu pai tem 70 anos e problemas pulmonares sérios. Meu sobrinho tem meses [de idade], meus colegas de trabalho e de todos que tive contato. Era um pavor”, afirma.
Vera Lúcia Ferreira, de 44 anos, também é uma sobrevivente da Covid-19. De Rio Verde, no sudoeste de Goiás, a recepcionista diz que enfrentou 14 dias de isolamento — longe até da família — após o diagnóstico. Agora, ela comemora a própria recuperação. “Com apoio de todo mundo, com carinho, venci”, afirma ao G1.
Apesar de relatar os mesmo sintomas de uma gripe comum, a sobrevivente alerta para o perigo de subestimar o novo coronavírus.
“Eu comecei sentindo uma tosse seca, dor de cabeça, dor no corpo. Depois veio a febre. Foi quando eu resolvi entrar em contato com o pessoal da vigilância e pedi orientação. […] Não é só uma gripezinha boba. Tem que se cuidar mesmo”, afirmou.