O diretor do maior hospital da Prefeitura de Teresina, Rodrigo Martins, viu com preocupação o posicionamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, de que o isolamento no país para conter o coronavírus é desnecessário. Segundo o diretor, com gente circulando nas ruas, as UTIs do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), por exemplo, estarão sempre lotadas, ocasionando falta de leitos para quem precisar tratar a covid-19.
“É temerária essa fala. Todos os estudos demonstram que existe a possibilidade de picos de contaminação. A contaminação se dá por contágio direto. Se eu tiver pessoas na rua eu tenho mais contaminação. O isolamento é fundamental para que a contaminação seja controlada”, disse Rodrigo Martins, detalhando a situação do HUT, que não é hospital de referência para tratamento da covid-19.
“Eu tenho no HUT 16 leitos de UTIs adulto e dez pediátricos. Se eu tiver gente na rua, essas UTIs que já estão cheias vão ficar com maior demanda. A possibilidade de internar pessoas na UTI com quadro mais grave vai ser menor, ou seja, vai resultar no maior número de óbitos. É importante o isolamento e o confinamento”, alertou.
Rodrigo Martins disse que, neste momento, os hospitais precisam estar com o maior número de leitos disponível possível.
“Todos os nossos hospitais precisam estar com os leitos vagos, ou os mais vagos possíveis. Eu tenho aqui uma pandemia que é tão grave como o coronavírus, que são os acidentes. Meus leitos de UTIs estão todos ocupados com vítimas de acidentes, principalmente de moto. Se eu não tiver esse isolamento, o trauma vai continuar. Não adianta ter 16 leitos e todos ocupados por trauma. O isolamento é importante para o controle da doença e para os hospitais”, afirmou.
Segundo o diretor, o HUT já sentiu uma diminuição no número de pacientes por trauma nos primeiros dias de isolamento social.
“Diminuiu o trauma, porém, existem as outras patologias que não vão deixar de acontecer como os infartos, aneurismas, AVCs, complicações renais. Por isso precisamos ter uma folga para nos preparamos para quando chegar os casos da covid”, alertou.
Hérlon Moraes
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