A chuva que caiu na manhã desta segunda-feira causou transtornos em vários pontos da cidade de Picos. Ruas intrafegáveis, imóveis alagados e desmoronamentos foram registrados após a incidência pluviométrica, que segundo o Instituo Nacional de Meteorologia, foi de 106 milímetros.
Um dos casos de maior preocupação foi registrado no bairro Paroquial, onde houve deslizamento de morro e pedras e entulhos atingiram vários imóveis.
Nossa reportagem esteve no local e ouviu vários proprietários que tiveram suas casas danificadas.
A dona de casa, Isabel Nunes, disse que viveu momentos de desespero.
“Na hora eu pensei que tinha sido um trovão, quando a minha filha começou a gritar, eu fiquei em desespero vendo os destroços, ela só não morreu porque Deus colocou a mão no meio. E aqui não tem mais como ficar com a casa rachada”, relatou.
Fabiana Nunes relatou que por pouco não perdeu a sua vida juntamente com sua filha. A residência está condenada e a família de cinco pessoas, não tem para onde ir.
“Eu estava deitada e levantei para fazer o leite da minha filha, aí eu voltei para a cama para deitar e ela tomando o leite. Eu escutei aquele estralo grande e me joguei por cima dela, foi quando o barranco caiu por cima de mim e da minha filha, por pouco a gente não morreu. Situação difícil, eu estou com um galo na cabeça, as costas doendo, mas Deus vai ajudar. Agora a gente não tem para onde ir, eles [a Gestão Pública] têm que procurar uma casa para a gente ficar, porque minha filha é especial, e eu vou ficar como?”.
A idosa Maria Aldenora, 65 anos, falou que sua casa ficou bastante deteriorada após ser atingida com galhos de árvores que desceram com o morro. Ela lamenta a situação. “É muito triste, mas na condição que a gente tem, nada pode fazer”.
Já Antônia Erica disse que sua residência não foi afetada, mas está correndo risco. “As paredes já começaram a rachar e o risco é grande”.
O pedreiro Antoninho Alves teme pelo desabamento de um morro por cima de sua casa. “Eu estou com muito medo desse paredão descer e atingir minha casa, desce muita água e qualquer hora ele pode descer”.
Gilvan de Carvalho lembrou que essa foi a segunda vez que sua residência foi afetada por conta de chuva. “É a segunda vez que cai, da outra vez ficou na metade da casa o aterro. Tem pedras já para cair, e com outras chuvas, vai cair e todo mundo aqui está correndo riscos”.
A mesma situação foi vivida pela senhora Maria Firma, ela conta o medo de casas em cima do morro caírem por cima da sua residência. “Eu tenho medo dela descer [a casa], porque ela não era assim, tenho medo de ela descer uma hora e eu estar aqui dentro e eu me acabar aqui dentro. Eu ia morrendo, eu estava no muro limpando, pensando que não ia descer nada, quando eu passei na porta, aí o aterro desceu, eu escorreguei no batente da porta e caí. Eu estou muito nervosa com medo de morrer aqui dentro”.
Francisco de Assis lamentou o fato de ter muitas residências fechadas ou alugadas nos conjuntos habitacionais de Picos, enquanto eles vivem o drama de residirem em uma área de grande risco.
O líder comunitário, Francisco Nascimento, comentou as dificuldades enfrentadas todos anos no período invernoso no bairro. Ele disse que insiste com os moradores para se retirarem das suas casas, mas esse é um problema crônico.
Defesa Civil
A reportagem do Grande Picos entrou em contato com o secretário de Defesa Civil do município, Antônio Afonso, que falou quais medidas estão sendo tomadas pela equipe.
Segundo ele, no primeiro momento, está sendo feito um trabalho de monitoramento nos locais onde houve desmoronamentos. Ele informou que no bairro Paroquial caiu muros, e equipes já foram deslocadas para avaliar a situação.
Afonso disse ainda que a Defesa Civil havia feito um trabalho preventivo em locais de riscos e por isso “os danos de hoje não foram maiores”.
O secretário afirmou também que já solicitou ao prefeito Walmir Lima, um local para acolher as famílias desabrigadas.
Segundo dados da prefeitura, onze famílias precisaram ser retiradas de suas casas.
Contato para a população relatar intercorrências: 193 e (89) 3422-3307, ou (89) 9 9925-4000.
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(Fotos: Assis Santos)