O novo valor do salário mínimo passou a vigorar no dia 1º de janeiro. Com aumento de R$ 41, o piso ficou em R$ 1.039, um aumento de 4,1% em comparação com os R$ 998 vigentes em 2019. O percentual corresponde ao reajuste da inflação, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mas esse valor representa ganho real para a população? Segundo a economista Teresinha Ferreira, não! Ela comenta que esse aumento significa apenas a recomposição em termos de inflação. O percentual poderia ter sido maior, mas seria preciso levar em consideração diversos aspectos da economia brasileira.
“Poderia ter subido mais, mas é algo complexo definir quanto, pois tem-se que levar em consideração o comportamento da economia e analisar vários fatores. Quando a economia não está crescendo, se aumentar muito o salário mínimo, as empresas podem sofrer e há um efeito disso”, comenta.
Segundo a especialista, o aumento de R$ 41 não deve impactar no orçamento da população devido ao salário mínimo nacional estar defasado em termos de cesta básica. Teresinha Ferreira destaca que o preço de serviços e produtos básicos, como energia elétrica, transporte, alimentação, saúde e educação, estão muito elevados, o que acaba não sendo coberto pelo valor do salário mínimo.
“O salário mínimo está defasado em termos de cesta básica e não acompanha as necessidades da população, especialmente a de baixa renda, que necessita para sobreviver dignamente. Os itens que compõem as despesas das famílias estão subindo acima desse valor. O que vai acontecer é que cada vez mais pessoas vão entrar na linha de pobreza por causa desse salário mínimo, que na verdade não é um salário justo para manter uma família brasileira em situação digna”, finaliza a economista Teresinha Ferreira.
O trabalhador
A atendente de caixa Maria Teresa Soares, de 32 anos, é mãe de dois filhos. Ela recebe um salário mínimo e conta que ficou contente com o aumento, porém, destaca que o valor é muito baixo e não irá influenciar muito no seu orçamento familiar.
“Todo reajuste sempre é bem-vindo, mas se você for colocar na ponta do lápis, não significa muita coisa, porque na medida em que o salário aumenta, as coisas também aumentam, como transporte coletivo, supermercado, gasolina, escola. Então, a gente acaba nem sentindo essa diferença do salário”, acrescenta.
Por: Isabela Lopes